quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Crítica: Nosso Lar:
Empenho técnico, retrocesso narrativo.
ÉRICO BORGO

É sempre complicado analisar filmes baseados em textos religiosos. Já é difícil criticar obras cinematográficas que têm fãs, então imagine as que têm devotos. Quando os defeitos de um longa-metragem como produto são apontados, corre-se o risco de parecer - erroneamente - preconceituoso, desrespeitoso com a fé alheia. Nosso Lar (2010), portanto, é dos mais complexos. Afinal, tem defeitos de monte, mas é baseado em obra fundamental do espiritismo brasileiro, o primeiro volume da série A Vida no Mundo Espiritual, escrita em 1944 pelo médium Chico Xavier (1910-2002).
Entre os integrantes do movimento espírita acredita-se que o texto tenha sido "psicografado", ou ditado, pelo espírito André Luiz, que é justamente o personagem principal do longa-metragem. Na história, o protagonista é um médico que, depois de uma vida de excessos, morre e desperta em outra dimensão, uma espécie de purgatório, o Umbral. Depois de arrepender-se das falhas de sua existência anterior, André é recolhido e levado à colônia Nosso Lar, onde começa seu aprendizado sobre a realidade da vida humana e o funcionamento do universo espiritual - lições essas que ele passa a relatar em cartas enquanto procura mudar seus valores morais.
O didatismo do texto literário, que esmiuça cada detalhe dessa nova realidade, é mantido pelo diretor Wagner de Assis (A Cartomante) em sua versão audiovisual. O resultado, ainda que deva encantar quem já conhece a obra original, é redundante e cansativo para quem se interessa por Nosso Lar apenas como cinema. Por exemplo, enquanto André (Renato Prieto) arrasta-se pelo Umbral, com seu olhar de desespero encarando as hostes sem rumo que lamentam seus destinos, a narração em off teima em relatar aquilo que nossos próprios olhos já estão vendo. A solução só piora ainda mais quando personagens professorais (Lísias, Clarêncio, Governador Anacleto...) surgem em cena para, essencialmente, explicar. E explicam tudo, o tempo todo.
A dramaticidade, portanto, é mero pano de fundo para um filme de reafirmação e disseminação da doutrina espírita. Assim, entende-se desde o primeiro frame o apoio da Federação Espírita Brasileira à produção. O que fica difícil compreender é como um filme de uma doutrina tão positiva (a "Lei de Ação e Reação" é algo com que qualquer um pode se identificar) atropele a fé alheia em nome do espetáculo. Não me importei em momento algum com as diversas cenas que insistem em como os céticos estão errados sobre o pós-vida (é papel óbvio do filme tentar me convencer do contrário), mas a chegada ao Nosso Lar das vítimas do Holocausto, estrelas de Davi costuradas no peito e peot no cabelo, é difícil de assistir. Ainda que tente ser respeitosa e solene, a sequência ignora diferenças fundamentais nos conceitos de vida eterna das duas religiões e me pareceu equivocada e invasiva. Não importa o quanto você tenha certeza de suas crenças - elas são suas e não do outro.
Empenho técnico
Com orçamento estimado em 20 milhões de reais, alocado graças ao potencial de público (estima-se que 2,5 milhões de brasileiros sejam adeptos do Espiritismo), Nosso Lar é a mais cara produção cinematográfica da história do Brasil. Diferente do campeão anterior, Lula - O Filho do Brasil (por volta de 15 milhões), porém, neste o valor do investimento pode ser efetivamente apreciado na tela.
Parte dessa verba ficou com o desafio técnico de criar a colônia espiritual - que me lembrou uma mistura de Brasília com Krypton, desenhada a partir de ilustrações mediúnicas - desenvolvida pela canadense Intelligent Creatures. A empresa é conhecida por animar a máscara de Rorschach em Watchmen e criar cenários para A Fonte da Vida e Anjos da Noite: A Rebelião, entre outros projetos. Os takes aéreos da cidade são muito bem realizados, assim como outras sequências que exigem o uso maciço de efeitos especiais. Tudo muito convincente (os interiores, nem tanto). A produção não economizou também na trilha incidental: chamou Philip Glass, um talento (ainda que irregular) de Hollywood. Infelizmente, sua composição para o filme, intrusiva e óbvia, não está entre seus melhores trabalhos. A fotografia, que imprime à obra os tons de capas de publicações religiosas, também contou com talento importado, o suíço Ueli Steiger (10.000 a.C.).
Com tamanho esmero técnico, não fossem os excesso didáticos (de roteiro e elenco) e o tom de sermão, Nosso Lar seria bem mais importante para a cinematografia nacional do que resultou. De qualquer maneira, é filme que prova que, se houver vontade, o Brasil pode sair do eixo comédia romântica, favela e drama, em direção a outros gêneros ainda pouco explorados por aqui. A intenção é animadora.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Venha fazer velas conosco ! Sábado, dia 02 de Outubro -Sítio da Veri e do Giovane.

VAMOS AJUDAR ?

Estou lhe enviando este email oferecendo a oportunidade de participar de uma ação solidária efetiva e afetiva.
Há um movimento chamado Aliança de Misericórdia que tem como carisma a acolhida de pessoas carentes, moradores de rua, de adultos a crianças, aqueles que estão no último degrau de abandono e risco social.
O Movimento mantém várias casas no Brasil e em outros países. Sua manutenção é via ajuda de voluntários. Os "missionários" que acolhem as pessoas são, também voluntários. Conheço o trabalho pessoalmente, as pessoas envolvidas e posso atestar a seriedade e a idoneidade de tudo e de todos.
Aqui em BH o Movimento luta para se manter. Atualmente tem uma galpão/casa na Rua Araxá, no bairro Lagoinha que acolhe, diariamente, cerca de trezentas pessoas. Se você acessar o site youtube.com e digitar "aliança de misericórdia em Belo Horizonte" poderá ter mais informações sobre o trabalho.
A casa em BH esteve a ponto de ser fechada por falta de recursos. Atualmente tem muita dificuldade para prestar os serviços que se propõe: acolhida, orientação pessoal e espiritual, alimentação, cuidados pessoais para quem a procura, cursos profissionalizantes, reiserção no mundo do trabalho, resgate da dignidade e da vida.
Sensibilizado, um empresário amigo meu que conheceu o projeto se dispôs a criar uma estrutura que permita a manutenção da casa. Para tanto, comprou e doou um carro zero quilometro (Celta) que será sorteado em dezembro desse ano. O dinheiro arrecadado será aplicado de forma a gerar um fluxo que atenda o básico no funcionamento da casa, em especial no que diz respeito à alimentação dos acolhidos.  O desafio, agora, é vender os carnês. Não é barato. Cada número custa 100 reais. São mil números. Penso nos muitos grupos de reflexão que conheço, onde há pessoas que podem dispor desse valor, ou se cotizar com o grupo, para comprar um número. O que vale é o espírito solidário.
Pensei em vc como possível colaborador ou divulgador dessa idéia, um Gesto de Solidariedade que pode mudar vidas. Se vc ou seu grupo puderem adquirir um número, entre em contato comigo. Se não puder, divulgue entre pessoas que possam ajudar. Peço ao pessoal do EPC e Acolhida Loyola que me ajudem na divulgação dessa idéia.
Ao invés de dar esmolas nas ruas, é mais efetivo ajudar com a certeza de que o dinheiro será usado na acolhida, reabilitação e reintegração de pessoas realmente carentes.
Colaborando, de algum desses modos, vc será parte da nossa Aliança de Misericórdia.
Conto com sua ajuda.
Um grande e fraterno abraço
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Eduardo Machado