segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Novena de Natal- 6º Dia.

Novena de Natal 2011     
           

 
Acolhida:


Dirigente: Estamos reunidos em nome de Deus que é Pai e Filho e Espírito Santo.
Todos: Bendito seja Deus, Pai que nos reúne pela força do seu Espírito, no amor de Jesus. Amém.


Leitura do dia: Gênesis 9,8-13


        “E Deus disse a Noé e seus filhos: ‘Eis que estabeleço a minha aliança com vocês e com seus descendentes, e com todos os animais que os acompanham: aves, animais domésticos e feras, com todos os que saíram da araçá e agora vivem sobre a terra.

            Estabeleço minha aliança com vocês: de tudo o que existe, nada mais será destruído pelas águas do dilúvio, e nunca mais haverá dilúvio para devastar a terra’.
              E Deus disse também: ‘Este é o sinal que coloco entre mim e vocês e todos os seres vivos que estão com vocês, para todas as gerações futuras. Colocarei o meu arco nas nuvens e ele se tornará um sinal da minha aliança com a terra’.”


_____________________________________________________________________________________


Pontos para oração e partilha:                                                 

            - Deus faz aliança com seu povo.



- Deus faz aliança com toda a Criação.



- De Deus não virá, mais, nenhum castigo.



            - A aliança de Deus atravessa as gerações e chega a cada um de nós.



 Para aprofundar:

                         Dá-me, Senhor, poesia...


Cedinho, indo para o trabalho, paro num sinal e descubro que a mesma chuva que nos últimos dias fez tantos estragos, hoje colocou um arco íris bem no meu caminho.

Durante os segundos do sinal fechado contemplo, admirado, aquela cena marcada pela banalidade das pessoas que passam na faixa, à minha frente, sem se darem conta daquele espetáculo.

Minto; uma mulher para, olha e sorri. Depois, segue em frente.

Eu também. No verde, instintivamente, faço o sinal da cruz, como algumas pessoas fazem quando passam diante de uma igreja.

Não vejo uma igreja por perto, mas há Deus por toda parte. Na verdade, há a poesia de Deus por toda parte. O que nos cabe é aguçar os sentidos e captá-la, senti-la pulsando em nós e à nossa volta.

Qualquer ser humano, por mais simples que seja, e às vezes, até por ser o mais simples, tem a capacidade de fazer essa leitura poética do cotidiano. A diferença está naqueles que, além da percepção, são capazes da expressão. Uma coisa é sentir, outra é dizer o que se sente, e outra ainda mais rara, é fazer o dizer acontecer no espaço da beleza, da sensibilidade, no espaço da poesia. E não me refiro apenas à poesia convencional, feita de versos, métrica e rima. A poesia é uma linguagem multifacetada que se expressa, sem pudor ou censura, de muitas formas. E como precisamos dela!

Há tanta poesia num verso de Pessoa quanto num quadro de Dali ou no olhar e no sorriso daquela mulher anônima. Há tanta beleza poética num traço ousado de Picasso quanto numa frase de Quintana.

A poesia transborda de uma cena de Kurosawa, de uma canção de Toquinho e Vinícius ou de uma escultura de Rodin.

Louvo a Deus que haja esses poetas de plantão para nos dizer da poesia presente, insistente, resistente, num mundo tão pragmático, apressado, endurecido e insensível.

Louvo a Deus, poeta maior e primeiro, do qual, o mais talentoso artista, é apenas um plagiador bem intencionado.

Como ignorar ou copiar a beleza poética daquele arco íris, entre a parede de concreto do conjunto JK, ou do fascínio delicado, colorido e aveludado das pétalas das flores que amanheciam comigo, ali na Praça Raul Soares.

É, há beleza demais no mundo para que não sejamos, todos, aprendizes de poesia...

Há beleza no mistério das pessoas. Havia beleza naquela mulher que passou por mim, apesar da roupa desencontrada num corpo que me pareceu grosseiro, os cabelos mal cuidados. No entanto, atravessou a rua, à minha frente, viu o arco-íris, sorriu cúmplice, e ficou bela.

Eu segui em frente. Ela também. Em mim ficou sua imagem fugaz. E o mistério permanente.

O que pensou aquela mulher? O que sentiu que a fez sorrir? Estaria apaixonada? Levava no coração apertado a preocupação com um filho e o arco íris lhe foi um alívio? Sonhava com a casa própria? Com um amor impossível? O que lhe disse o arco-íris? O que disseram nossos olhos anônimos naquela fração de segundo em que se cruzaram?

Não sei. E o mais provável é que nunca saberei e, no entanto, havia naquela mulher mistério suficiente para encher o universo. E somos sete bilhões... E quantos fomos e seremos ao longo do tempo, únicos, originais, irrepetíveis...?

Preciso urgentemente de um poeta que me socorra, de uma Adélia Prado, uma Martha Medeiros que me emprestem seu olhar sensível e me cedam as palavras certas para dizer da minha angústia, da minha esperança, do meu amor pelas pessoas, anônimas ou conhecidas, das mulheres e homens, que mesmo feios são sempre belos, das crianças de rua ou da lua, que cruzam o meu caminho.

Fui menino vadio, adolescente difícil, jovem rebelde. Hoje sou um adulto inundado de sentimentos, em busca de alguma poesia que me salve, que resgate em mim a beleza perdida, o olhar capaz de enxergar, no cotidiano mais banal, na cena mais normal, a presença da ternura poética que Deis derramou por aí, como pistas ou dicas para quem quer buscá-lo, reencontrá-Lo...

Pois os poetas são os profetas do nosso tempo, de todos os tempos. Duvida? Pois lhe conto duas histórias a modo de explicação.

Um homem saiu de casa e foi ao depósito de material de construção comprar tinta para pintar sua casa. Um resto de estoque estava em oferta. Arrematou o lote. A mulher, quando viu, brigou. “Onde você está com a cabeça, pintar a casa dessa cor...?”

Anos depois, a filha desse homem fez a leitura poética desse fato. E escreveu:

“Uma ocasião, meu pai pintou a casa toda de um alaranjado brilhante. Por muito tempo moramos numa casa, como ele mesmo dizia, constantemente amanhecendo...”

A menina da casa amanhecendo hoje é uma senhora que atende pelo nome de Adélia Prado.

Quer mais banalidade poética?

Aquele cara encostado no muro pode estar tramando um assalto, mas também pode estar esperando a moça que trabalha no prédio em frente para pedi-la em casamento...

Quem enxergou o rapaz para além da paranóia e do medo urbanos? Martha Medeiros.

A elas peço a benção. Em troca, ofereço o arco-íris da minha oração da manhã, aliança de Deus comigo, com todos...

Para rezar até o próximo encontro
Mateus 5, 14-16

Oração final:

Deus, nosso Pai; renova em nosso coração a aliança que fizeste com Noé, Abraão e todos os patriarcas.

Dá-nos a coragem dos profetas e o coração abrasado de amor dos santos e santas que nos apontam o caminho e mostram que é possível caminhar por ele.

Ensina-nos a fazer Aliança com teu povo que caminha, hoje e sempre, pelas estradas do mundo, buscando, com nossos frágeis, o rumo que leva ao encontro do teu amor, aqui, agora, e por toda a eternidade,

Amém.





------------------------------------------------

Eduardo Machado/novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

IMPERDÍVEL!

Convite

Caro(a) amigo(a)

Veja a programação do Centro Loyola para os próximos dias:


No dia 24 de novembro, quinta-feira, às 20h, o “Pensando Bem” recebe, no último dia do Pequeno Curso das grandes Virtudes, o professor Marco Heleno Barreto, que irá abordar o tema “A Fidelidade”. Ainda é possível fazer inscrições.

Sábado, dia 26 de novembro, das 14h30 às 18h, teremos mais uma Tarde de Espiritualidade. O encontro tem como tema “Dai-nos Senhor, a coragem dos recomeços”. A participação é aberta a todos, não sendo necessária inscrição.

Informações: 3342-2847



Um abraço fraterno,
Equipe Centro Loyola de BH

Evangelho do 1º Domingo do Advento.

                           ADVENTO: SAUDADES DO FUTURO




“Espero Deus com voracidade” (Rimbaud)



Advento é tempo de espera, de vigilância, de preparação e de chegada.

               É o tempo litúrgico onde o suspiro de expectativa e de esperança não fica sem resposta.

               O Advento é um brado de esperança.  “O ar está cheio de nossos gritos” (Beckett).

A Vinda de Cristo é, portanto, o grande evento que agita os corações, sacode as inteligências, inquieta as pessoas, move as estruturas...

Toda a nossa vida se transforma na história de uma espera e de um encontro surpreendente.


Quem vive o clima do Advento não é prisioneiro da “cotidianidade”: mantém o olhar fixo no horizon-

te, para a consolação, para a revelação da glória de Deus. Se o presente é sem sol, ele está seguro da aurora.

          “O futuro é ilusão temperada na fé. Deste, nada se sabe e, no entanto, tudo se espera: o amor ávido, o

             bem-estar diletante, a irrupção final e feliz do ser que somos e não temos sido” (Frei Betto).

Advento é sempre tempo de redescobrir quem somos, o que queremos e para onde vamos.

A “mística da gravidez” perpassa todo este tempo, criando em nós uma atitude permanente de espera e fazendo-nos crer na força escondida da vida que continuamente está para nascer. Trata-se de um tempo que alimenta em nós o desejo e a esperança de um “novo parto” da salvação de Deus.



Deus quebrará seu silêncio, a noite escura será iluminada, a primavera substituirá o inverno.

O cristão guarda em si o fogo do Espírito Santo, que o mantém sempre vivo, forte, aberto ao futuro.

Ele não olha o passado; vê longe e sonha grande. Porque está aberto ao Espírito, não permanece especta-dor e passivo.

Podemos recordar a missão do sentinela, uma das figuras bem conhecidas na história do povo do A.T.  Situado estrategicamente em lugares altos e de amplos horizontes, ele recebe a delicada missão de obser-var, vigiar, discernir e anunciar, para defender a vida do povo

Tal missão implica numa vigilância investigadora do horizonte, onde se fazem perceptíveis os “sinais”, ou até mesmo os indícios de que algo importante para a vida do povo está prestes a acontecer.

Mas não basta captar os sinais. O sentinela deve interpretá-los, quando não são claramente perceptíveis, no horizonte longínquo.

Por isso, o sentinela está treinado para “olhar”  a grandes distâncias, para “olhar”  com precisão. Seu “olhar” investigador, aguçado pelo amor ao povo e a fidelidade à missão, está em alerta permanente.

        “Em meu posto de espreita, meu Senhor, estou firme ao longo do dia,e

         no meu posto de guarda, permaneço de pé noites inteiras (Is. 21,8).



O mais específico da função do sentinela é, portanto, a capacidade de “olhar”  corretamente e de anunciar  o que vê, sem se deixar enganar pelas aparências ou por qualquer tipo de engano, sempre em função da defesa daqueles que dependem da sua vigilante perspicácia.

Testemunha fiel, que não se deixa comprar nem subornar, o sentinela é a visibilização da Misericórdia de Javé para com o povo, em meio aos problemas e ameaças da sua história.

Esta atitude de permanente vigilância, de contínua conversão do olhar, é também constitutiva da vocação cristã. Jesus a descreve com uma parábola, na qual a lâmpada acesa é o símbolo do olhar transparente e vigilante que deve caracterizar seus seguidores chamados ao “banquete do Reino”.

Seguidores de Jesus, somos chamados a ser permanentemente, na Igreja e no mundo, sentinelas do Rei-no, capazes de discernir com lucidez e perspicácia as interpelações e os desafios que surgem no hori-zonte da história, e que podem ser ou “boa-nova” para o povo, ou “ameaça e atentado”  à sua vida e dignidade.

Cada momento histórico tem os seus “sinais” que remetem a intervenções misericordiosas de Deus na história dos povos. Devemos, portanto, viver a contínua “conversão do olhar”, que nos permita enxergar e anunciar na arena da história, a presença das bem-aventuranças, a lógica maior do Reino de Deus, os sinais da misericórdia infinita do Pai.

A encruzilhada histórica que estamos vivendo parece pedir com mais urgência tal atitude.


Vigiar não significa, portanto, passividade; é ousar renascer, advir, vir-de-novo, recomeçar...

Nessa vigilância vislumbramos detalhes decisivos: a vivência da ternura, a reinvenção da vida em cada amanhecer, o criar asas e alçar vôo, o despertar de sonhos, a gratuidade amorosa, a alegria descontrolada...

Espera-se Jesus vivendo os valores que Ele encarnou: o cuidado dos pobres, a misericórdia aos faltosos, a tolerância para com o diferente, o pão de cada dia a todos, o coração dilatado à misteriosa presença do Amor...

                   “O difícil é esperar. Desespêro é fácil, e é a grande tentação (Péguy).



Um canto de e de esperança segura: esse é o sentido da existência cristã.

Com essa espera de Deus, com essa esperança, o cristão pode dar sabor à sua vida, muitas vezes modesta e simples. Ter esperança é, essencialmente, busca incessante, luta por aquilo que não tem lugar agora, mas, acredita-se, terá um dia.

A esperança tem suas raízes na eternidade, mas ela se alimenta de pequenas coisas. Nos pequenos gestos ela floresce e aponta para um sentido novo.

O Advento nos revela segredos futuros: no ponto final seremos todos acolhidos por Aquele que nos quer “eternos”.  Porque Ele é “terno”. E disso temos saudades.



Textos bíblicos:   Mc. 13,33-37



Na oração:  - adote a atitude do sentinela, que vive alerta, atento, à escuta da Palavra de Deus.

- Deus continua vindo ao nosso mundo, encarnando-se na nossa história, pelo nosso “sim”. Nossa atitude fundamental diante de Deus deve ser a disponibilidade total e ativa.

- O orante deve estar sempre pronto para crer nas infinitas reservas do amor de Deus, na sua inesperada ternura e bondade. Sob o olhar de Deus vivemos uma contínua provocação da atenção, uma contínua surpresa.

Estar diante do “olhar de Deus” nos capacita para termos um olhar de discernimento.

         * O que você está “vislumbrando” no seu horizonte pessoal, eclesial, social...?

         * Em tempo de “crise” o seu olhar obscurece ou permanece cristalino?

FESTA DA APL- ANOS 60 - IMPERDÍVEL!!


A tradicional festa dos pais de alunos do Colégio Loyola acontecerá no dia 03/12, às 21h .
Local:  Quadra Irmão Patrício. A entrada será pela Rua Sinval de Sá. 
A novidade dessa edição é o traje temático, inspirado na década de 60. 
A festa é organizada pela Associação de Pais do Loyola (APL).

As comemorações deste ano serão em estilo boate, com a música ficando por conta de um DJ. 
O evento terá serviço de bufê completo, com bebida e comida liberadas. 
Convites :  R$ 40 para os associados à APL e  R$ 80 para os pais não associados
Compre já na sede da APL, próxima à recepção do Colégio.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Novena de Natal- 5º Dia.

Novena de Natal 2011    
Acolhida:


Dirigente: Estamos reunidos em nome de Deus que é Pai e Filho e Espírito Santo.


Todos: Bendito seja Deus, Pai que nos reúne pela força do seu Espírito, no amor de Jesus.


Leitura do dia: Gênesis 7,11-21           

E veio um dilúvio sobre a terra durante quarenta dias; e as águas cresceram e levantaram a arca, e ela se elevou por cima da terra.

Prevaleceram as águas e se estenderam sobre a terra; e a arca vagava sobre as águas e todos os altos montes que havia debaixo do céu foram cobertos.

Sete metros acima deles prevaleceram as águas; e assim foram cobertos.

Pereceram todos os que se moviam sobre a terra, tanto ave como gado, e os animais selvagens, e todo réptil que se arrasta sobre a terra, e todo homem.




Pontos para oração e partilha:


- O Pecado se estende como águas de enchente

- Ele traz a morte.
 
- A arca guarda a esperança. Nela mora a

possibilidade de perdão e reconstrução.



Para aprofundar:





Com a arca encalhada num sinal...



De vez em quando a oração, em mim se faz quase poesia. Principalmente quando ‘saboreleio’ Adélia Prado, Clarice Lispector, Rubem Alves, Frei Betto, Manoel de Barros e tantos outros poetas que tem essa estranha mania de ter fé na e vida, capturar os sentimentos do mundo e expressá-los em poucas, precisas e preciosas palavras.

Toda poesia, verdadeira poesia, é também oração, pois nos coloca em contato com a beleza original que É o próprio Criador. Por isso, de vez em quando, me permito cometer quase poemas, única forma possível de rezar quando nos faltam chão e certezas, quando me sinto sufocado, perdido, afogado em dúvidas imensas, abissais.

Qualquer esperança perde o sentido diante da imagem banal de uma criança vendendo valas no sinal. Tão cotidiana, tão familiar, tão absurda.

Nenhum consolo vem do jornal barato, vendido aos gritos e centavos, onde a manchete anuncia os detalhes do crime passional.

Na mesma primeira página, velhas notícias tristemente renovadas. A imagem da BBB, a explicação do ministro. Num canto, a nudez, noutro a estupidez.

Diante de mim a multidão atravessa impassível.

A rua sem nome, a criança sem rosto, o sinal sem brilho.

E aquele menino, no sinal, podia ser meu filho...

Imagens vêm, num turbilhão, enquanto espero angustiado pelo verde do sinal que me libertará, quem sabe, daquela imagem de tantas dimensões...

Minha frágil fé entra em crise diante do garoto drogado, capaz de atrocidades primitivas.

O criminoso comum, autor de brutalidades banais, repetitivas.

O político protegido pelos seus pares.

O insuportável cheiro desses ares, dessa memória recente.

Em crise, em pleno deserto, sedento e só, rezo a parábola do dilúvio.

Deus desiste da Humanidade.

Ou melhor, quase desiste. Preserva Noé e os seus para contar/continuar a História.

Sinto-me Noé.

Debruçado sobre a amurada da arca, sob a chuva fria e cinzenta,

Ouvindo os sons entrecortados dos animais no porão...

Não, não sou Noé, sou a própria arca...

Abrigo em mim animais imprevisíveis.

Ressoam em meu peito seus rugidos surdos, ameaçadores,

Ouço-os nas noites de insônia e nos dias de desolação.

Assustado, perscruto o horizonte em busca de um porto que não chega.

Só céu e mar.

E a tempestade.

Atravesso oceanos em mim mesmo em busca de um vislumbre que seja, em meios às nuvens.

E ele vem... no sussurro suave de um amém...

Liberto o pássaro que teimo aprisionar em meu peito.

Vejo seu vôo incerto sobre o mastro,

Além da vela,

Perdendo-se nas mesmas nuvens que teimam em chorar na chuva incessante

Sua cotidiana cota de lágrimas...

O pássaro é minha fé.

Frágil, pequeno, tão longínquo quanto o porto que não vejo.

Seu vôo é a esperança.

Onde ele encontrar um pouso, jogo minha âncora e monto minha tenda

Com certeza estarei de novo nas terras do Amor. 



Para rezar até o próximo encontro
Gênesis 8
                                                                                        

Oração final:


                Senhor Deus, Pai de misericórdia; ensina-nos receita perfeita para superar a aridez que fica depois da enchente do egoísmo; “amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu. Sentir o que Jesus sentia, sorrir como Jesus sorria, e ao chegar ao fim do dia eu sei que eu dormiria muito mais feliz”. (Pe. Zezinho SCJ).

Amém


------------------------------------------------
Eduardo Machado/novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

NOVENA DE NATAL- 4º DIA

Novena de Natal 2011 

Acolhida:

Dirigente: Estamos reunidos em nome de Deus que é Pai e Filho e Espírito Santo.

Todos: Bendito seja Deus, Pai que nos reúne pela força do seu Espírito, no amor de Jesus.
 
 
 
Leitura do dia: Gênesis 3,6-13            
A mulher, vendo que o fruto daquela árvore era bom para se comer, agradável aos olhos e desejável para dar entendimento, tomou dele e o comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu.
Então foram abertos os olhos de ambos, e viram que estavam nus. Envergonhados, tomaram folhas de figueira e se cobriram.
Entardecia. Ouvindo voz do Senhor Deus que passeava no jardim, esconderam-se entre as árvores.
O Senhor Deus chamou ao homem, e perguntou-lhe: Onde estás?
Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me.
Deus perguntou-lhe: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?
Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por companheira deu-medo fruto da árvore, e eu comi.
Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi.

Pontos para oração e partilha:



            - O mal pode nos parecer agradável, atraente, sedutor 
- O pecado nos desnuda e envergonha 
- É difícil assumir a responsabilidade pelos próprios atos, é mais fácil encontrar um(a) “culpado(a)”...          

 Para aprofundar: “Histórias que curam”           
A aula de catecismo acabou e eu voltei pra casa encucado. Não conseguia me conformar com aquela história que Dona Íris acabara de contar segundo a qual, por causa do Adão e da Eva terem comido uma maçã (ainda se fosse uma jaca!), já nascíamos todos com uma mancha na alma, o tal do “Pecado Original”, expressão que ela falava arqueando as sobrancelhas e esticando as sílabas em tom cavernoso, garantindo que tal mancha só podia ser lavada através do Batismo.
Mas, ainda segundo ela, mesmo lavando ficava uma nódoa e a gente estava sempre precisando de uma lavanderia especial (a confissão) pra manter a alma mais ou menos limpa.
            Na minha infância e adolescência a idéia de pecado era, assim, uma sombra permanente e suas consequências uma ameaça constante. Cultivava-se o pavor de morrer em pecado mortal e, aí, a condenação eterna era inevitável. Havia também os pecados veniais, mais leves, mas que, somados, equivaliam a um mortal.
            Deus não era onipresente. O pecado sim. E como quase tudo era pecado, eu sempre tinha dificuldades em fazer a contabilidade, catalogar e separar os mortais dos veniais. Se ao menos nos dessem uma lista!
            Para me livrar daquela paranóia espiritual, minha Santa Madre Igreja criou diversos mecanismos capazes de garantir que eu não morreria sem ter a chance de passar pela lavanderia e dar uma geral na consciência. Era só comungar nas nove primeiras sextas feiras do mês e Deus me garantiria um padre, na última hora, para me ouvir em confissão. Por seguro, era bom fazer o rito mais de uma vez. Havia também a indulgência plenária para quem confessasse e comungasse na igreja de Nossa Senhora da Conceição em dia de jubileu.
            Hoje sei que a intenção até podia ser boa, mas a catequese que se fazia então acabava ressaltando quase que só o pecado. Os ritos, novenas, promessas viravam um jeitinho de colocar a ira de Deus sob controle e minorar os efeitos da mancha original em nós. Éramos pecadores, é certo, mas pouco se falava em misericórdia e no verdadeiro sentido do perdão. Nossa auto-estima espiritual andava sempre em baixa.
            E o mais triste é que gerações inteiras foram “educadas” nessa linha. Em consequência, há gente que passa a vida inteira arrastando essa culpa, cultivando o medo do fogo do inferno. Vez por outra, tropeço em gente assim, angustiada, sofrida, amargurada. Gente incapaz de se perdoar ou de se permitir ser perdoada. De gente assim, ouço, com frequência, a frase: “perdôo, mas não esqueço...”. Daí a dificuldade em lidar com a misericórdia, o perdão. Esse tipo de ‘perdão’ acaba virando mágoa. E a mágoa é a ante-sala do rancor. E o rancor é um veneno que eu tomo, querendo que o outro morra...
            Li recentemente o livro “Histórias que curam”, da médica americana Rachel Naomi Remem. Ela fala de experiências vitais, síntese de “conversas sábias ao pé do fogão”, muitas delas com seu avô, um rabino judeu que tinha uma maneira muito própria de ler, interpretar e ensinar a Toráh.
            Uma história, em especial, merece meu olhar. A reproduzo a seguir, na íntegra, como convite a ler todo o livro.
Vovó Eva

Quando eu era pequena meu avô me contava histórias. Muitas delas falavam de mulheres que haviam vivido tempos atrás, mulheres heróicas que aprenderem coisas importantes por meio dos seus erros. Havia Sara, cujo marido chamava-se Abraão; Raquel, esposa de Jacó; e Ester, que era rainha. Só depois que ele morreu fui descobrir que aquelas histórias eram do Gênesis, contadas por um rabino ortodoxo erudito, de barbas brancas, a uma devotada neta, filha de dois jovens socialistas agnósticos.
            A história de meu avô sobre vovó Eva e a serpente é na verdade uma história sobre a importância da vida interior.
            No começo da história, vovó Eva é uma menininha, e vive de um modo bem parecido com o que eu vivia na época. Deus é o pai e, como todos os pais, provê o alimento, o abrigo e todas as coisas necessárias à vida. Em troca, Eva obedece-lhe da mesma maneira que eu devia obedecer a meu pai. A vida prossegue no jardim, muito parecida, dia após dia. Pede-se muito pouco a Eva. Todos os animais e plantas vivem ali, junto com ela, inclusive uma árvore muito bela, no centro do jardim, chamada Árvore da Sabedoria Divina. Deus deu a Eva orientações bem precisas com respeito a essa árvore. Ela pode comer os frutos de todas as demais árvores, mas os frutos desta são proibidos. De início ela aceita isso sem questionar, muito embora a própria finalidade da vida possa ser crescer em sabedoria.
            Com o passar do tempo, embora o jardim não mude, Eva muda. Começa a crescer, a tornar-se adolescente. Certo dia, ao passar pela árvore mais bela, uma serpente enrolada em seus ramos lhe diz: “Eva, eis uma das maçãs desta árvore. Por que não a come?”.
            Naquele momento, meu avô sempre explicava que a serpente não era realmente uma serpente, mas um símbolo da ânsia humana por sabedoria, o poder sedutor do desconhecido e a infinita fascinação que o misterioso exerce sobre os seres humanos. A serpente é o primeiro mestre, e fala àquela parte de Eva que já não é mais uma menininha, mas alguém que busca.
Eva lembra o que o Pai disse. O fruto da árvore é proibido. Mas Eva é uma adolescente. Como a maioria das pessoas da sua idade, ela precisa descobrir por si mesma. Eva sente o magnetismo da maçã. Atraída por ela, estende a mão para pegá-la. Dá uma mordida.
            Aquilo que comemos torna-se parte de cada uma das nossas células e fica entremeado na própria estrutura de nosso ser. “Aquela maçã não é diferente de qualquer outro alimento”, disse meu avô.
Quando vovó Eva a come, a sabedoria de Deus torna-se parte de sua vida interior, uma sabedoria santa que ela carrega dentro de si, e não algo com que ela fala fora de si mesma. Ela agora traz a voz de Deus dentro de cada uma de suas células, como uma pequena bússola. Como seus descendentes, nós a trazemos também.
            Comer a maça possibilitou uma enorme mudança no modo de vida de vovó Eva. Ela já não precisava mais viver na casa de Deus, na estufa, para estar segura. Pôde deixar aquele ambiente protegido porque trazia Deus consigo. Podia ouvir Deus se desejasse ouvir. Ao comer a maçã, ela se tornou adulta e adquiriu a liberdade que tem o adulto de sair para um mundo de complexidade, aventura, responsabilidade e mudança. Para ter sua própria vida e fazer suas próprias escolhas.
            Como acontece com a maioria das crianças, os aspectos literais da história me preocupavam. “Mas vovô”, perguntei, “por que Deus disse a vovó Eva que ela não devia comer a maçã se não era verdade?”.
Uma das características mais magníficas do meu avô era não mudar sua resposta a uma pergunta só porque a pessoa que a fazia era muito jovem. Ele me respondeu como se eu fosse uma colega estudiosa da Cabala.
“Nashume-le”, disse ele, “essa é uma questão dificílima, uma questão que exige muita reflexão. A Bíblia está cheia de imagens de Deus. Deus como um pai autoritário, Deus apaixonado, Deus zangado, Deus ciumento, Deus fiel, Deus amoroso. Em um trecho Deus está caminhando sobre a terra, em outro seu sopro agita as águas. Em outro, ainda, ele é uma coluna de fogo. Mas Deus não é nenhuma dessas coisas. Essas são imagens de Deus na mente dos homens. Para conhecer Deus talvez seja preciso questionar todas essas coisas...”.
            O Deus em nosso interior parece demandar um tipo de atenção íntima dia a dia, momento a momento, em vez de apenas uma simples obediência. Eu tive pena de vovó Eva. Isso me parecia muito mais difícil do que a simples obediência...
            A complexidade do mundo real exige que lutemos para ouvir o Sagrado e que desenvolvamos a responsabilidade pessoal de viver de modo apropriado. Exige que nos mantenhamos acordados. Vovô apresentou-me Eva como uma pessoa adulta, em vez de uma pecadora. Só anos depois fui ouvir a versão oficial da história.
            Talvez agora haja algo para nós na versão do meu avô. Temos esperado muito de nossos especialistas e autoridades, de nossos médicos, políticos, técnicos e educadores, até mesmo de nossos rabinos, ministros, mestres e padres. Oferecemos a eles obediência, na esperança de que se disponham a responsabilizar-se por nos dar uma vida apropriada.
            É hora de encontrar o lugar da graça em nosso interior...

In - “Histórias que curam - conversas sábias ao pé do fogão”. Ed. Agora – pgs. 230/232
____________________________________________________________________________________________

Para rezar até o próximo encontro
Lucas 15, 11-32
                                                                                        
 Oração final: Pai Nosso (cantado)


Pai nosso que estás no céu,
Santificado seja o teu nome
Venha a nós o teu reino,
E seja feita a tua vontade

R     Pai, meu Pai do céu,
E     Eu quase me esqueci, eu quase me esqueci
F     Que o teu amor vela por mim,
R     Que o teu amor vela por mim
à    E seja feito assim
O alimento desse dia,
Dai nos agora e sempre
E perdoa as nossas ofensas,
De um modo maior do que perdoamos

Refrão

Não nos deixeis cair em tentação,
Mas livrai-nos de todo o mal,
Amém


Eduardo Machado/novembro de 2011