segunda-feira, 24 de novembro de 2014

ADVENTO: NOVO DESPERTAR


 
 

“Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo” (Mc 13,36)

 

Estamos iniciando um Novo Ano litúrgico. Começamos com o Advento, que não é somente um tempo litúrgico, mas toda uma atitude vital que atravessa toda nossa existência. Sempre há o risco de vivê-lo como “mera repetição”, como um “tempo parecido” com o tempo anterior.

Não entenderemos a mensagem de Jesus se ela não nos motiva a viver em continuo e criativo Advento. Cada Advento é único e original, pois já não somos mais os mesmos: passamos por contínuas mudanças, amadurecemos mais, estamos vivendo problemas e desafios diferentes, acumulamos experiências... Deus também não se repete; Ele se aproxima de cada um de nós com um novo olhar e um novo apelo. Ele quer suscitar vibrações novas em nossas vidas e sua Presença instigante desperta em nós o grande desejo de entrar em sintonia com o Seu coração. Novo tempo, que pede de nós amplitude de visão e sensibilidade.

 

“Ficai despertos!” “Vigiai!” “Tende os olhos abertos!”:são apelos para o início deste Advento.

A chave do relato do Evangelho de hoje está na atitude dos servos. Para provocar essa atitude, Jesus nos fala da chegada inesperada do dono da casa. Deus é Aquele que sempre está vindo. Ele é “o que vem”.

Se passamos a vida adormecidos, nada acontece. Isto é o que deveria nos dar medo: poder transcorrer nossa existência sem ativar as possibilidades de plenitude que nos foram dadas.

Mas não basta ter os olhos abertos;é preciso ampliar a visão para além de nossos pequenos interesses e preocupações; precisamos também de maisluz.

Despertar é simplesmente abrir nossos olhos, cada dia, à luz que provém de Deus e confiar que tal luz transforme nossa maneira de ver; é preciso deixar que esta luz ilumine nossas sombras interiores, des-velando e trazendo à tona nossas aspirações e esperanças mais duradouras.Abrir os olhos à luz de Deus e escutar atônitos, fascinados, a voz divina que cada dia ressoa em nosso interior. Trata-se de estar despertos para assumir a vida com uma consciência lúcida.O amor, a inspiração, a vida, nos movem por dentro. Tudo o que esperamos já temos dentro de nós. Um dinamismo misterioso nos abre e nos atrai, nos impulsiona a ser, a viver. Basta “destravar” este impulso e nos deixemos levar.

Advento é tempo que nos convida a abrir os corações, escutar o Espírito e pôr-se a caminho, enquanto “a luz da vida” nos ilumina.

 

É preciso despertar e ativar um fogo novo em nosso interior; há algo importante, essencial na vida humana que ainda está adormecido; há uma dimensão existencial profunda onde é cada vez mais difícil a inteligência e a vontade terem acesso.

Hoje o ser humano está desperto por fora, mas por dentro revela um coração descontrolado, sacudido entre forças de gravidade que ora o arrastam para o exterior, o imediato e a superficialidade, ora despertam a experiência de um desejo interior com uma forte nostalgia de vida, de paz, de plenitude...

A humanidade quer viver.O coração humano precisa escutar este desejo, não só como sede de terra seca, mas como uma palavra de vida, como o rumor de uma fonte de água viva. Talvez ele precise colocar outro ritmo em sua existência, que lhe permita estar atento e à escuta das surpresas que a vida des-vela.

 

O Advento constitui também um tempo habitado; é um tempo de espera, de paciência, de confiança em Deus que não só se revela na história, mas também na temporalidade. Deus é o que marca o ritmo do tempo, é Aquele que tem a iniciativa.Ao ser humano lhe corresponde estar atento aos movimentos do Espírito e dos acontecimentos.Mas é um tempo de espera ativa.

Acolher os momentos de Deus é estar preparado para o mais “in-esperado”.

A dinâmica da espera inclui a surpresa. Esta certeza forma parte central da experiência da fé.

Brota uma certeza: o esperado, quando chega, ultrapassa sempre o que se espera.

Pede ser esperado em gratuidade, sem pressas, sem ansiedade,porque sabe que tudo é dom e graça.

Esperar é uma forma de viver. Esperar é ser fiel ao dinamismo profundo da vida, deixar-se levar simplesmente pelo Espírito que nos habita, o Espírito que tudo une e liberta, que tudo move e atrai.

A espera, quando é carregada de amor e presença, faz crescer e conhecer regiões do coração até então desconhecidas e inexploradas.

 

“Despertar”também nos abre a uma sintonia, a uma relação profunda, com o universo que nos envolve, com os outros com quem convivemos, com o Criador que tudo sustenta. Poderíamos nos perguntar: o quê nos pede Deus em cada acontecimento e em cada situação da vida.

Esta é a maneira de entender e viver uma espiritualidade aberta a um “Deus sempre surpreendente”, sempre novo. Um Deus de quem tudo procede, que habita nas criaturas, que trabalha por nós, que desce às nossas vidas e aos nossos tempos.

Isto é contemplação, e que faz toda a diferença: talvez não transforme de imediato as dificuldades, os desafios, uma situação dura, mas, pode sim mudar a textura de nossos corações, a qualidade de nossas respostas, a profundidade de nossos sentimentos e pensamentos.

 

O tempo do Advento nos oferece uma oportunidade única de aprender a esperar e fazer da esperança nossa condição existencial. Somos, na medida que esperamos. Somos aquilo que esperamos ser. Por isso, o Advento pede vincular esperança e responsabilidade, justamente para dar mais consistência humana e maior sentido a esse futuro que está aberto à nossa frente, carregado de motivações e inspirações.

O ser humano pode esperar o que quiser, mas não pode esperar qualquer coisa. É preciso ter os olhos bem abertos para “ver” e acolher o que acontece ao nosso redor:as alegrias e os sofrimentos daqueles que nos cercam, as esperanças dos povos que estão mais além de nossas fronteiras, muitas vezes em situações dramáticas, os sonhos de tantos que buscam um mundo mais fraterno, livre e justo...

Viver conectados, em redes, unidos, entrelaçados, para potenciar a esperança e a vigília, iluminando-nos uns aos outros, despertando sonhos e buscando soluções alternativas, ressuscitando as aspirações profundas, vivendo continuamente comprometidos com outro mundo mais fraterno e justo.

Vigiemos, observemos, abramos os olhos a “outra realidade” que já está presente nas entranhas da nossa própria cotidianidade. Advento é indicar e ativar a “nova vida” que quer se fazer visível.

O dia esperado está começando. Estamos apenas na aurora, mas os primeiros raios trazem a suavidade que enche o nosso coração. Resta-nos a esperança; com ela, damo-nos as mãos, colocamo-nos a caminho.

Como Maria, tenda humilde do Verbo, podemos nos converter em pessoas de esperança, abertas à novidade do Espírito, que espreita oculto nas dobras de nossa história. Podemos chegar a ser sentinelas do amanhã.
 


 

 

Texto bíblico:Mc 13,33-37

 

Na oração: o que o faz permanecer adormecido, alienado da

realidade e incapaz de “ler” os sinais d’Aquele que vem vindo?

Como se situa diante dos desafios que você é chamado a enfrentar? Não se sente cansado, desanimado ou sem esperança por já ter vivido tantas mudanças? Ou talvez desanimado porque as coisas não aconteceram como havía previsto? Ou, ao contrário, cheio de energia, entusiasmado por ser protagonista de uma época considerada de graça e de bênção?

sábado, 22 de novembro de 2014

Gesto Concreto de Natal:


 
         “Pequenos gestos que mudam vidas”

 

              A chegada do Menino Deus, que se faz presença e presente no meio de nós, é convite a apontar a vida na direção da solidariedade fraterna, através de gestos concretos que vão, desde a celebração com familiares e amigos, ao redor de uma bela mesa, até o compromisso de resgate da dignidade dos empobrecidos, os filhos preferidos de Deus.

              Aprendi com minha avó que o filho mais querido é o pequeno até que cresça, o doente até que sare, o ausente até que volte, o carente até que seja atendido. Ou seja, aquele a quem falta algo para lhe restituir a dignidade plena de ser pessoa.

              Que tal, como pessoa ou como grupo, comunidade, ajudar na transformação da realidade de um grupo de pessoas admiráveis?

              Em junho deste ano, fizemos uma experiência de imersão no acampamento TERRA PROMETIDA, uma comunidade localizada na região de Felisburgo, nordeste de Minas Gerais, no Vale do Jequitinhonha. Foram, trinta alunos, professores e pais, acolhidos nas casas das famílias, conhecendo e experimentando a realidade e o modo de vida dos moradores.

              Desde o ano 2002 eles vem lutando pelo direito de posse da terra. São quatro áreas de moradia, pequenas agrovilas, formadas por até 15 famílias cada.

              Como não são legalmente assentados, não tem reconhecimento jurídico, ficando impossibilitados de buscarem os recursos dos órgãos oficiais. Vivem do seu trabalho e de pequenos projetos de entidades não governamentais, como o Colégio Imaculada.

Um grupo de 5 famílias com um pouco de conhecimento do trabalho com apicultura está investindo precariamente na produção de mel. Apesar das dificuldades, vão melhorando a produção e valorizando o trabalho na terra. Há três anos vem trabalhando, animados, pois o mel produzido é de boa qualidade. Com a ajuda de amigos o mel é vendido em BH com sucesso.

O problema é que, com a estrutura atual, a produção não consegue atender à demanda. Com uma estrutura apropriada sentem que seria possível investir inclusive no beneficiamento de outros subprodutos do mel, como remédios naturais, orientados pela equipe de saúde que assiste ao acampamento. 

Para tanto, faz-se necessário construir uma “casa do Mel”, estrutura adequada para atender às necessidades da comunidade. Para essa construção a comunidade assume a mão de obra que será em mutirão. Madeiras, pedra e areia, eles também já tem. O que falta?

Abaixo, um resumo do Projeto e suas necessidades:
    
                                               
 MATERIAL                                           QUANTIDADE                          VALOR
CIMENTO
25 SACOS
600.00
BLOCOS
2000 MIL
560,00
PORTAS COMPLETAS
3 COMPLETAS
750,00
JANELAS
3 COMPLETAS
585,00
TELHAS DE AMIANTO
37 UNIDADES
1,036,00
CERAMICA (PISO)
50 M
650.00
TELA PROTETORA DE ABELHAS
20 MT
640,00
CANO PVC 100
6M
9,60
JOELHO -100
4 UNIDADES
12,00
JOELHO LISO C/ ROSCA
4 UNIDADES
1,20
CANO DE ¹/²
2 BARRAS  (12 M)
15,00
T. LISO C/ROSCA
4 UNIDADES
4,00
CAIXA DÁGUA 500L
1
175,00
BANHEIRO COMPLETO
1
204,00
TEINTA IDRACOR
10
15.00
CANO DE 40ML
2 BARRAS (12M)
26,00
T.40ML
4 UNIDADES
6,00
FORRO PVC 10M
 
140,00
TANQUE P/ÁREA DE SERVIÇO
1
250,00
TOTAL
 
5.474.80

 

MATERIAL PARA TRABALHAR COM A PRODUÇÃO DO MEL

10
CAIXAS DE ABELHAS
1120,00
1.200,00
04
CONJUNTOS DE MACACÕES
80.00
320,00
02
FUMEGADORES
79,00
237,00
01
MESA ASPECULADORA
480,00
480,OO
05
PENEIRAS
3,50
17,50
05
GARFOS
20,00
100,00
04
VASILHAMES DE ARMAZEMENTO
47,00
188,00
01
DECANTADOR COMPLETO
520,00
520,00
05
PARES DE BOTA
40,OO
200,00
 
TOTAL
 
3.262,50

 
Total Geral: R$8.737,30 (Oito mil, setecentos e trinta e sete reais e trinta centavos).
 

Projeto do Apiário Fruto da Esperança

Acampamento Terra Prometida

Felisburgo - MG
         

 
 
 
 


  

              Então, a partir disso, faço o meu pedido: transformar nossa Celebração de Natal, também, em Gesto Concreto de ajuda à comunidade Terra Prometida. Pequenos gestos que mudam vidas!

              O mais prático é a doação em dinheiro. Felisburgo fica a 700 Km de BH e o custo do transporte de material oneraria em demasiado. Então, peço que as pessoas ou grupos interessados em ajudar entrem em contato comigo pelo email edujmmachado@gmail.com e oriento sobre onde e como fazer o depósito.

              Qualquer quantia vale. Assim como de grão em grão a galinha enche o papo, de flor em flor a abelha faz o mel.

             
              PS: Quem quiser comprar mel, também é comigo. 10 reais a unidade.
   
                 Meu abraço agradecido e fraterno,

 
                           Eduardo Machado