quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Celebração Especial na Segunda-feira.

Amigos da Comunidade Loyola,
Na próxima segunda feira, dia 05/03, às 19h15, teremos uma celebração especial: a "Missa de Abertura do Ano Acadêmico". A solenidade será realizada pelo nosso querido Padre Germano, no Passo das Artes. Logo após teremos um lanche especial, portanto, pedimos a todos que tragam lanche para a partilha.

Contamos com a presença amiga de todos!

Abraços fraternos.



Ana Carolina Paiva

ASSOCIAÇÃO DE PAIS DO COLÉGIO LOYOLA
Av. Contorno 7919, Cidade Jardim - BH MG
apl@aployola.com.br  |  3337.7700

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Um bom carnaval a todos e uma santa "travessia quaresmal". Um abraço Pe. Adroaldo sj




          QUARESMA: quem é o “senhor” que move o meu coração?

“Rasgai o coração e não as vestes” (Jl. 2,13)

QUARESMA: tempo litúrgico forte de reconstrução de si e da comunidade; tempo que coloca em ques-
                       tão a razão de ser da vida – para que vivemos? qual a finalidade do ser humano?
                      sobre quê está fundamentada a nossa vida? para onde caminhamos?
Nesse sentido dizemos que quaresma é um tempo forte de conversão; para isso ela tem sua linguagem, sua celebração, seus exercícios e seus ritos de conversão...
Na perspectiva inaciana, conversão não é simples mudança exterior no modo de ser e agir, mas “mu-dança de senhor”;  quaresma é tempo de troca de comando, tempo forte para consultar o interior e verificar qual é o “senhor”  que move o nosso coração. É neste contexto de conversão que se situam as práticas quaresmais: oração, jejum e esmola. Através de uma vivência mais radical dessas práticas começa a acontecer um deslocamento dos “falsos senhores” que habitam o nosso coração e, ao mesmo tempo, amplia-se o espaço interior para a presença e ação do “verdadeiro Senhor”.

A oração, o jejum e a esmola são como um resumo da vida cristã; condensam o sentido da vida. A vida é um mergulho no mistério de Deus (oração), um abrir-se aos outros (esmola) e capacidade de ordenar e dirigir a própria existência (jejum). Tais “exercícios quaresmais” só tem sentido se nos levam a uma identificação com Jesus Cristo; são exercícios que alimentam e sustentam nosso seguimento de Cristo.
E aqui poderíamos recuperar o sentido original bíblico de “sacrifício”, que não significa simplesmente imolação, destruição, penitêntica... “Sacri-ficar” (do latim, “sacrum facere” ) é “tornar santo”. Tanto o Primeiro como o Segundo Testamento nos ensinam que a melhor coisa que podemos transformar em “sacrifício”, em coisa santa para oferecer a Deus, é a própria vida e tudo o que fazemos. Nesse sentido, a referência máxima de “sacrifício” foi o próprio Jesus. Ele é o sacrifício, a “realidade santa” por excelên-cia, por sua verdade, sua fidelidade e disposição para fazer a Vontade do pai e exercer a sua missão. O que faz o sacrifício é a oblação, a entrega, deixar Deus ser Senhor da nossa vida.

1. ORAÇÃO: toda a nossa vida deveria ser uma oração, ou seja, um “encontro” com Deus em todas as coisas e
                       em todas as circunstâncias.
A oração é passar do vazio de si à plenitude em Deus. O “sair de si mesmo” por meio de uma íntima relação pessoal com Deus é a dinâmica central da transformação do “eu” na vivência quaresmal.
                        “Cada um deve persuadir-se que na vida espiritual tanto mais aproveitará quanto mais
                           sair do seu próprio amor, querer e interesse” ( S. Inácio - EE. 189).
A oração passa a ser a “irrupção” do divino no mais profundo do “eu” humano.
    Des-centrada de si mesma, a pessoa deixa-se conduzir pela ação providente de Deus.
    Na quaresma, a Igreja evoca o Cristo em oração diante do Pai no deserto e nas montanhas.

2. JEJUM: o jejum é a capacidade de “ordenar” a própria vida para um fim (serviço e louvor de Deus); ao
                  mesmo tempo é expressão de solidariedade e comunhão com os outros: é um chamado à partilha.
Somos livres quando podemos nos dispôr de nós mesmos, ou seja, quando nos libertamos dos “afetos desor-denados”, dos apêgos... O importante, no jejum, não é o que nós fazemos, mas o que Deus faz. Não estamos fazendo algo, mas estamos deixando-nos fazer por Deus. Na tradição dos Padres do Deserto, o jejum é o meio que nos possibilita criar um “espaço vazio” no qual o Espírito possa repousar, permitindo-nos distinguir o essencial do supérfluo.
Portanto, o jejum é um tempo em que damos maior liberdade a Deus para agir em nós, “ordenando” nossos afetos e orientando nossos impulsos instintivos. No seu relacionamento com a natureza criada o ser humano é chamado a ser livre, a ser senhor da criação. Por isso, a melhor penitência é “abrir espaço para Deus”; em outros termos, “jejuar é dar espaço para outras fomes” (N. Bonder).
O alimento e a bebida tornam-se símbolo de tudo quanto nos envolve. Porque é na ação do comer e do beber que o ser humano mais se apodera e apropria das coisas, correndo o risco de ser escravizado por elas.  A atitude de liberdade diante do alimento torna-se símbolo de sua liberdade para com tudo quanto o envolve: bens materiais, poder, prazer absolutizado, idéias fechadas, uso do tempo, dos meios eletrônicos...

3. ESMOLA: a esmola atinge o relacionamento com o próximo na virtude teologal da caridade. O ser humano
                       recebeu tudo de seu Criador; tudo é dom para todos. Neste sentido, a esmola significa a atitude
de doação gratuita, de serviço ao próximo com generosidade e desprendimento. É todo este mistério de aber-tura e acolhida em favor do próximo, sem esperar recompensa, na imitação de Jesus Cristo que deu sua vida pelos seus. É viver a partilha não só de bens materiais, mas o tempo, o interesse, o serviço, a aceitação...

Durante o tempo quaresmal, corresponde a cada pessoa encontrar sua ascese, ou seja, encontrar a manei-ra de ir esvaziando-se, despojando-se, para deixar espaço aos outros e ao Outro e chegar a viver em “esta-do de união”.
É urgente fomentar uma “cultura da solidariedade, da comunhão, da partilha...”, se não queremos nos desumanizar e nem desumanizar o planeta.
A ascese nos capacita para sensibilidade cósmica; o ordenamento de nossos desejos nos permite escutar os desejos dos outros. Quanto mais vivemos em Deus, menos somos nós o centro, menos dependentes das coisas e mais receptivos aos outros.

Textos bíblicos:   Mt. 6,1-6.16-18   Joel 2,12-18

Na oração: - qual é o seu estado de ânimo para viver a “travessia quaresmal”?
                  - Páscoa é passagem do “eu estreito” ao “eu expansivo e solidário”: quê setores de
                     vida precisam passar por esta transformação?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O EFEITO TERAPÊUTICO DO PERDÃO


O EFEITO TERAPÊUTICO DO PERDÃO

“Deus é Criador, e dos escombros constrói novidades surpreendentes”

Nos Evangelhos encontramos uma estreita vinculação entre perdoar e curar. O perdão tem um indubitável efeito terapêutico, e a cura dos enfermos é revelação da presença da misericórdia de Deus. Em seu caminho Jesus cura perdoando os pecadores e dando vida aos que estão envolvidos nas amarras da enfermidade e da morte. A experiência de sentir-se perdoado impulsiona o enfermo para além da sua situação vivida. É, portanto, um elemento prévio à cura.
No NT, alguns textos nos fazem perceber que o perdão reconciliador de Deus é necessário para vivenciar e reconhecer a cura. Ex: paralítico toma seu leito e caminha curado como sinal do perdão dos pecados (Mc. 2,1-12). A reconciliação é um dom que gera harmonia e paz.

Em Jesus, as curas se convertem em resposta de Deus à dura realidade da condição humana marcada pelo sofrimento e exclusão e que clama uma contínua re-criação por parte de Deus.
Jesus é presença visível da misericórdia re-criadora de Deus. Nesse sentido, perdoar é re-criar. Deus re-cria o ser humano a cada instante. Cada dia que passa é um perdão sempre novo, pessoal, criativo, mas também discreto e silencioso. Um perdão que abre um futuro cheio de possibilidades; um dom que permite o ser humano ir além de si mesmo.
Só o amor misericordioso de Deus reestrutura as pessoas por dentro, abrindo-lhes horizontes maiores de coragem, responsabilidade e compromisso.
O perdão aparece, no ministério de Jesus, como elemento terapêutico de uma práxis de regeneração que faz com que o ser humano viva, apesar do pecado, e cujo primeiro suposto terapêutico é a misericórdia.
Para além de sua autoridade, os milagres mostram a reação de Jesus frente à dor dos pobres e fracos.
A misericórdia é n’Ele virtude e princípio de sua atuação ética; é ela que quase “obriga” Jesus a curar.
Os milagres são sinais poderosos que surgem da dor de Jesus diante do sofrimento alheio, em especial os enfermos. À luz de Jesus a misericórdia é mais que compaixão pela desgraça, é ternura diante de um alguém gestado nas entranhas do Deus Pai-Mãe.
Jesus percorre a Galiléia e cura toda enfermidade e dolência, cura a situação de solidão de uma multidão desamparada. Cura, em definitiva, a carência de Deus.

Jesus insiste fortemente sobre o perdão, porque este é uma necessidade vital quando a vida foi ferida.
O perdão re-situa as pessoas na grande corrente da vida; busca restabelecer um vínculo positivo entre vidas feridas, vidas que se ferem e a vida que as rodeia.
O perdão é uma experiência forte que nos re-conecta com a vida; ele quer abrir uma porta à vida, em um muro fechado de dores, de sentimentos feridos, de auto-agressividade. O perdão busca estabelecer uma aposta pela vida. É um ato de realismo, em profundidade e a longo prazo.
Jesus vive comprometido com a vida saudável, e faz a vida crescer de forma integral, sem divisões. Ele devolve às pessoas a saúde em seus corpos, em suas emoções, projetos e relações. Jesus vê nas enfermida-des uma ocasião para a manifestação da atividade salvífica de Deus.
Para as palavras saúde e salvação o latim utiliza um mesmo termo: “salus”. A saúde não é alheia à salvação que Jesus traz. A recuperação da saúde e a salvação que Deus desperta estão em íntima relação com as fontes de energia curativas e a capacidade interna de regeneração do próprio ser humano.
A proximidade de Jesus põe em movimento grandes dinamismos de vida do doente; debaixo do costume paralisado do enfermo, existe uma possibilidade de vida nova nunca posta em movimento. Jesus recons-trói “pessoas quebradas”. As obras que Ele realiza consistem em libertar o ser humano de sua inati-vidade e dar-lhe capacidade de ação.
Podemos chamar Jesus de terapeuta do perdão: com seu perdão ativo desencadeia o processo de conversão, mobiliza todas as dimensões da pessoa, reestrutura o universo relacional e abre a interioridade à alteridade. Como presença visível da misericórdia, Jesus se dirige a cada com a força da torrente que jorra para a vida eterna e quer arrastar a todos para aquela Fonte de comunhão que o Pai deseja, a fim de que toda a vida esteja exposta ao seu amor.
Em última análise, o perdão é um ato de fé na bondade fundamental do ser humano.

O paralítico do evangelho de hoje é um homem afundado na passividade: incapaz de mover-se por si mesmo e sem liberdade para desenvolver-se como ser humano; não fala, não diz nada; deixa-se conduzir pelo outros; vive preso ao seu leito, impedido de ser plenamente humano.
Toda a cena se desenrola “em casa”, não no templo. O templo era o paradigma da instituição, mas havia deixado de ser o lugar da presença de Deus, porque seus dirigentes fizeram dele lugar de exploração e violência aos mais fracos e excluídos.
Jesus passa da sinagoga, lugar oficial da religião judaica, à casa, lugar onde se vive a vida cotidiana junto àqueles mais queridos. Nessa casa vai-se gestando a nova família de Jesus.
A casa não é lugar onde se vive a Lei, mas o lar onde se aprende a viver e conviver de maneira nova, à maneira de Jesus.

Sabemos que a enfermidade e o sofrimento tem muito a ver com a fragmentação, a dispersão e a divisão.
Há muitos enfermos que, além da dor física, sofrem com sentimentos de culpabilidade, impotência, fragilidade, solidão... A reconciliação contribui a diminuir o sofrimento e potencia a saúde na dupla direção: integração pessoal e comunhão com os outros, tal e como fez Jesus.
Ser curado por Jesus gera harmonia, equilíbrio saudável, unificação interior e reconciliação com a vida, com o que se é e com o que foi:
“Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa” (Mc. 2,11). Jesus rompe as amarras da enfermi-dade que paralisa a pessoa, liberando o potencial humano presente em cada um. Ele desperta em cada enfermo a responsabilidade frente à própria saúde. É um chamado a evitar as atitudes patogênicas. Assumir este compromisso com a própria vida gera liberdade.

O valor terapêutico e reconciliador do perdão é central para restabelecer as fraturas da relação do ser humano consigo mesmo, com os outros, com a natureza e com Deus.
Disse-lhe Jesus: “Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa!”
O paralítico levantou-se imediatamente e, carregando o leito, saiu diante de todos.
A ordem de vida é dada por Jesus. O homem obedece. Não sabe quem é Jesus, mas pressente que Aquele que lhe fala é portador de vida. O paralítico poderia ter perfeitamente permanecido deitado, mas adere à ressurreição. Jesus não o toca, como faz com outros enfermos; não o toma pela mão, para ajudá-lo a levantar-se, pois a cura desse homem passa, precisamente, pela recuperação da confiança em sua própria identidade. O doente deve escolher levantar-se por si mesmo; deve reencontrar seu desejo de viver.
As três ordens que Jesus dá ao paralítico já dizem tudo: “levanta-te” (coloca-te de pé, recupera tua dignidade, libera-te daquilo que paralisa tua vida); “toma o teu leito” (aprende com o passado e abre-te ao futuro com fé renovada); “vai para tua casa” (aprenda a conviver).

O leito também não é abandonado imediatamente. É pedido ao homem curado “carregá-lo” e não jogá-lo fora. Carregar seu leito é um ato interior preciso; eis um verbo ativo, opondo-se à passividade do “estar deitado” e “ser carregado”. Deixa de ser “peso morto” para ser “companheiro” de estrada.
Carregar seu leito é inverter o movimento, mudar de direção, substituir um movimento de morte por um movimento de vida. Antes, o leito o carregava; agora é o homem curado que carrega seu leito.
Isto significa que o enfermo não partiu do nada, não partiu do zero, mas ergue-se, coloca-se em marcha a partir do passado. Carregar seu leito é romper com a prisão a seu mal. É tomar consciência de seus verdadeiros problemas, livrar-se do “vitimismo” e não mais esperar que os outros o carreguem.
Terá ele um trecho do trajeto a perfazer, carregando seu leito. Depois, virá o tempo de lançá-lo fora e, então, tornar-se-á livre da dependência que lhe fizera tanto mal.

Na oração:  não é possível seguir Jesus vivendo como “paralíticos” que não sabem como sair do imobilismo, da
                        inércia ou da passividade; há muitas atitudes petrificadas, traumas paralisantes, feridas não cicatri-zadas que nos impedem viver “como Deus manda”.
Só o perdão terapêutico de Deus reequilibra nossa existência a nos impulsiva a viver a comunhão.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Retiros.

Queridos retirantes, retirados e em retirada...
Para conhecimento e divulgação para outras pessoas que vocês julgam com perfil para passar pela experiência. Estas são as datas dos retiros oferecidos pela Equipe de Formação Cristã do Colégio Loyola:

I) Retiros em IV etapas (a maioria de vocês já fizeram, mas pode ser que um ou outra queira repetir...).
Início Sexta-feira, 20:00 e término Domingo 16:00. Número de vagas: 30 (15 para dormir).
1a Etapa: 30 e 31/março a 1/abril
2a Etapa: 1 a 3 de junho
3a Etapa: 24 a 26 de agosto
4a Etapa: 26 a 28 de outubro

II) Retiros Inacianos temáticos (um aprofundamento para quem já fez as etapas; são 15 vagas e as pessoas devem ficar na casa para dormir, isto é, uma experiência de maior recolhimento).
1a possibilidade: de 6 a 10 de junho (feriadão de Corpus Christi, iniciando na noite do dia 6)
2a possibilidade: de 1 a 4 de novembro (feriadão de finados; iniciando na noite do dia 1).

A ABERTURA DE INSCRIÇÕES SERÁ FEITA OPORTUNAMENTE, VALERÁ A ORDEM DE CHEGADA, E RESPEITAREMOS O LIMITE DE VAGAS.

Um abraço, bom ano! Paz. Pe Germano

Pe. Germano Cord Neto, SJ
Reitor
COLÉGIO LOYOLA - Jesuítas
(31)  2102-7048

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Nada melhor que iniciarmos o ano recebendo bênçãos, não é mesmo?
Por isso, convidamos os pais e toda a comunidade para a primeira missa de segunda feira de 2012, dia 6 de fevereiro, às 19h15, no Passo das Artes.
Esta missa especial será celebrada pelo nosso querido Padre Germano.
Contamos com a presença amiga de todos!

Desde já agradeço;
Beijos com gostinho de saudade!!
Eliene Mendes
Associação de Pais do Colégio Loyola
3337-7700 //2102-7040//9614-6870

Sugestão do Padre Adroaldo para rezar o evangelho do próximo domingo.

A AUTORIDADE TERAPÊUTICA DE JESUS

“E Ele curou muitos doentes de diversas e enfermidades...” (Mc. 1,34)

Nos Evangelhos, Jesus aparece particularmente atento à realidade dos enfermos que saem ao seu encon-tro ou que são levados até Ele; Ele se comove e se compadece dos sofredores, situa-se no lugar destes e sente como própria a dor deles, tem consciência que a enfermidade , qualquer que seja sua gravidade, diminui a vida humana, a restringe em suas possibilidades de relação plena consigo mesmo, com os outros e também com Deus.
Pela sua Encarnação, Jesus “desce” ao mais profundo da condição humana, até o extremo da dor, da doença, da exclusão...; pela sua presença junto aos mais marginalizados e sofredores Ele deixa clara sua missão: “aliviar a dor humana”. Jesus é um bió-filo (amigo da vida), pois revela uma especial cuidado e zelo pela vida, seja da natureza, seja do ser humano.

Em Marcos, encontramos uma estreita relação entre evangelizar e cura dos enfermos. A evangelização mesma tem um evidente efeito terapêutico. É visível o amor com que Jesus se entregou aos enfermos e marginalizados, devolvendo-lhes a dignidade pessoal. “Jesus evangeliza fazendo-se presente ali onde a vida aparece mais ameaçada, deteriorada e inclusive fracassada e aniquilada” (Pagola)
Jesus assumiu uma estratégia terapêutica de “inclusão”, que buscava fazer emergir o ser humano sadio.
Contemplar Jesus e sua atitude diante das pessoas é perceber um sinal indicativo que nos mostra onde está Deus e onde devem situar-se seus seguidores.
A dor dos pequenos e humilhados é sua causa, seu destino e seu lar. Jesus sabe e mostra em sua ação curativa que não são as leis que importa ao Pai, mas a ação que visa aliviar o sofrimento das pessoas.

Na sua missão, Jesus mostrou que o mais urgente é remediar o sofrimento daqueles que carecem de uma vida digna e plena. Pois o Deus que Ele nos revelou não é o Deus que nos complica a vida com normas e leis, senão o Deus que se humanizou para humanizar nossa vida. E assim nos indicou que só na medida em que nos fazemos mais humanos, nos fazemos mais semelhantes a Ele, aliviando o sofrimento huma-no, comprometendo-nos com os que sofrem, até identificar-se com eles.
É importante salientar que a autoridade de Jesus não é uma “autoridade doutrinal”, para afirmar verdades e condenar erros, senão que se trata de uma “autoridade terapêutica”, para curar doenças e aliviar o sofrimento humano. Jesus, submergindo-se no mar da dor, assume o infortúnio dos inocentes, dos perdedores, das vítimas; em vez de fustigar os pecadores para que tivessem consciência do iminente juízo divino, Ele se dedica a curar enfermos, a socorrer os pobres, a acolher a multidão marginalizada, a conviver com pessoas de má conduta, a emocionar-se com ternura visceral diante das pessoas simples que, a juízo dos dirigentes religiosos, não conheciam a Lei e estavam excluídas da salvação.

O decisivo aqui é compreender que o Reino de Deus, no ministério de Jesus, se relaciona com o sofri-mento humano. Quando Jesus anuncia a proximidade do Reino de Deus não se refere ao castigo, nem à ameaça ou juízo, mas à vida e à esperança.
Quando os Evangelhos revelam como Jesus proclamava a proximidade do Reino, afirmam que isso estava unido à cura dos males e enfermidades do povo (Mt. 4,23-24; Mt. 9,35-36).
Aqui não se faz menção nem de pecados, nem de juízo, nem de ameaça alguma.
Jesus não estava preocupado com os pecados, o juízo e o castigo de Deus. O que Jesus sentia, ao ver a multidão, era compaixão profunda, que o impulsionava a curar os males e enfermidades, as doenças e sofrimentos daquele povo desamparado.
Sua atuação compassiva é uma atuação a partir da radical gratuidade.
Tudo se resume em dar vida, erradicar as dores, devolver a dignidade aos que a perderam.

Jesus, em seu ministério terapêutico, não pregou sobre a saúde, mas gerou saúde, transformando a vulnerabilidade em possibilidade, a fraqueza em força, a dor em alegria...: “passou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos pelo diabo” (At. 10,38).
 “Therapeuo” é o verbo mais freqüente no NT; junto com o substantivo “therapeía” expressam o duplo sentido de “cuidar”  e “curar”. Sua presença e sua intervenção nos revelam o compromisso com a vida, a afirmação da dignidade e da sacralidade de cada pessoa, bem como a reintegração  dos excluídos na comunidade humana.
Podemos definir a ação curativa de Jesus como “cristoterapia”: Ele é a fonte da vida e da saúde humana autêntica. A terapia é Ele mesmo.
“A terapia que Jesus põe em marcha é sua própria pessoa” (Wolf). Os relatos evangélicos revelam como a multidão procurava tocá-lo, porque d’Ele saía uma força que curava a todos (Lc. 6,19).

Seguindo a Jesus, sentimo-nos chamados não só a levar ajuda direta às pessoas que sofrem, senão também a reconstruir as pessoas em sua integridade, reincorporando-as à comunidade e reconciliando-as com Deus. Nossa missão encontra sua inspiração no ministério terapêutico de Jesus.
“Cuidar” e “curar” implica uma atitude “kenótica”, porque exige esvaziamento de nós mesmos para deixar o “mistério” do outro encontrar abrigo no nosso coração. “Cuidar” de alguém é cuidar do que é saudável nele, porque é a partir desse estado de saúde que se poderá integrar e curar as feridas e fragili-dades do outro. O cuidado mobiliza e potencia os recursos presentes no outro; é preciso despertar a cons-ciência que todo ser humano tem reservas de riquezas, criatividade, inspiração, intuição..., e que toda pessoa precisa encontrar uma presença capaz de ativar e despertar o seu mundo interior.
O cuidado é gesto amoroso para com o outro, gesto que protege e traz serenidade. Cuidar é envolver-se com o outro, mostrando zelo e preocupação. Mas é sempre uma atitude de benevolência que quer estar junto, acompanhar e proteger. Quer conhecer o outro com o coração e não com a cabeça.
Pelo cuidado aproximamo-nos dos outros para entrar em comunhão com eles, responsabilizar-nos pelo bem-estar deles e socorrê-los no sofrimento.
Se a vida pôde surgir num contexto de cuidado, é pelo cuidado permanente, ao largo de todo o tempo em que existir sobre a face da terra, que a vida se mantém e se plenifica.
Por isso precisamos do espírito de gentileza e ternura para captar e sentir o outro como outro, como original, para acolhê-lo na sua diferença. O amor é a expressão mais alta do cuidado, porque tudo o que amamos também cuidamos. E tudo o que cuidamos é um sinal de que também amamos.

Texto bíblico:  Mc. 1,29-39

Jesus, o biófilo, tocou as “vidas feridas” com delicadeza e ternura e as transformou. Seus gestos terapêuticos foram o prolongamento da ação criativa de Deus; com palavras e ações Ele inaugurou no meio de nós o Reino de Vida do Pai. Não só optou pela vida e se comprometeu com a vida, mas fez de sua Vida uma entrega radical a favor da vida.
De fato, para Jesus, o primeiro é a vida e não a religião. Ele tomou partido da vida, contra aqueles que, a partir da religião, cometiam todo tipo de agressão contra a vida.
Jesus se deixou conduzir pelo Espírito do Senhor para aliviar o sofrimento humano, levar a Boa Nova aos pobres, devolver a vista aos cegos, dar a liberdade aos presos e oprimidos, dar vida àqueles que tinham a vida massacrada ou diminuída, devolver a dignidade da vida àqueles que eram encurvados pelo peso da opressão e do legalismo.