segunda-feira, 4 de agosto de 2014

DO MEDO PARALISANTE À CORAGEM CRIATIVA “Jesus lhes disse: Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mt 14,27)



DO MEDO PARALISANTE À CORAGEM CRIATIVA

Jesus lhes disse: Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mt 14,27)

Quando o ser humano quebrou sua aliança no Paraíso, o medo foi sua reação imediata.
“Ouvi teus passos no jardim, por isso tive medo...” (Gen. 3,10).
O medo se instalou em seu coração. E o ser humano continuou a temer através de desertos e cidades, de dia e de noite, no coração e na sociedade, onde quer que vivesse, fizesse o que fizesse.
Medo dos passos de Deus e de seus próprios passos; medo de estranhos e de amigos; medo de seu corpo e da sua afetividade; medo de decidir; medo de se comprometer; medo de romper as amarras do passado; medo do novo; medo de viver e de morrer...
Uma longa cadeia de medos, da primeira à última respiração, nesta terra de sombras.
Vivemos sob um medo constante, sentido com maior ou menor intensidade, mas sempre presente.
Todos os medos estão inter-relacionados e, qualquer que seja seu objeto imediato, todos tem em comum o sentimento sombrio do perigo ameaçador.

Humanamente falando, o medo é algo tão natural como o instinto de sobrevivência.
Evangelicamente falando, o medo é sinal de que ainda não entramos na dinâmica do Reino, no caminho de Jesus; o medo nos faz refugiar numa fé alienante, que não arrisca nada, que não se compromete com nada, que não vai mais além de nós mesmos, de nossa auto-realização narcisista.
Os medos não costumam apresentar-se de rosto descoberto; mascaram-se, porque são sintomas de debili-dade; tornam-se vergonhosos para nós. Eles se disfarçam para se tornaram mais aceitáveis.
Existem muitos medos escondidos por trás das atitudes tirânicasde  rigidez, de perfeccionismo, de legalismo, de intransigência ou de intolerância. Recorremos a eles para ocultar-nos e defender-nos contra o novo e o diferente.
É aterrorizante o medo das tempestades que surgem no cenário da vida cotidiana. O medo nos empurra na direção dos individualismos e das soluções que contemplam simplesmente os próprios interesses.
O medo enche de sombras o horizonte, tornando impossível uma decisão clarividente e ordenada; ele cega, agita a imaginação e precipita juízos e decisões, criando impedimentos sérios para a vivência da fra-ternidade e para a coragem de compreender a vida como doação de si para o bem dos outros.

Não existe depósito de munição mais potencialmente explosivo do que os estoques de medonas escuras profundezas do nosso interior, mas sua influência é sentida nos nervos, no pulso, nos músculos e na respiração.Grandes medos não aparecem com frequência; são os pequenos que surgem em encontros diários com a realidade e minam o poder de resistência e crescimento.
Cada atividade humana é acompanhada de uma sombra escura que desperta o medo.
Nada é garantido, nada está seguro, e a vida sem segurança é vida marcada pelo medo.
As pessoas ficam tensas e projetam as tensões na realidade circundante. Encaram os outros como inimigos, e as oportunidades como ameaças. O trabalho é competição, e a vida, um campo de batalha.

No entanto, uma coisa é sentir medo, pois somos humanos, frágeis e limitados;outra coisa, porém, é per-manecer paralisado com medo de arriscar e não se aventurar por novas terras, na descoberta infindável que é a vida.As intuições mais profundas do espírito (a quebra de limites da mente e do costume, o avanço sobre novos ideais e sonhos...) se conquistam com o atrevimento da coragem, com a força da fé, com a imaginação solta, com a criatividade livre e desimpedida.
Desafiando os medos aprende-se a ter coragem. Aceitar os medos é o caminho para tornar-se destemido. O conhecimento da própria fraqueza é a maior força.
Cada medo não resolvido é um peso na vida. É preciso descobrí-los, identificá-los, nomeá-los e tomá-los como são até que se possa dissolvê-los em consciência e coragem.
Um medo que pode ser nomeado perde o terror e a capacidade de ferir; no entanto, um medo sem nome, um fantasma sem rosto, escuro como uma sombra e rápido como uma tempestade aumenta o pavor e paralisa a ação.Se aprendemos a desmascarar e a enfrentar os pequenos medos nas escaramuças diárias, diminui-se seu impacto e nos tornamos mais sábios e fortes para lidar com os medos mais importantes.

O evangelho deste domingo nos revela que há muitas tormentas e ameaças ao nosso redor. Em meio à tempestade levantam-se ondas de obscuridadessem sentido, de medos paralisantes, de dúvidas angustian-tes... Sopram outros ventos tempestuosos que nos ameaçam, arrastando tantas seguranças que nos susten-taram, quebrando tantos salva-vidas aos quais nos agarrávamos...
Mas, em meio às tempestades urge não perder a calma, ter a coragem de “permanecer”, não permitir que o ruído dos ventos nos vença, que os relâmpagos nos ceguem, que as ondas nos levem...
“Permanecer” é a palavra chave: permanecer firmes nos compromissos assumidos, nos passos que buscam abrir caminhos novos, ainda que seja arriscado; permanecer ancorados na fidelidade a Jesus e a seu Reino e consentir que os ventos levem todos os nossos velhos padrões mentais, ideias fixas e atitudes petrificadas, preconceitos e tudo o que já está caduco e que não nos impulsionam para a outra margem...; permanecer apenas com a pessoa de Jesus e seu sonho como o melhor legado que podemos oferecer aos nossos contemporâneos, sacudidos por tormentas que os afundam sem poderem vislumbrar um novo horizonte e um novo sentido para suas existências.

Na tempestade também é necessário “soltar amarras e içar velas”, ou seja, atrever-se a “viver no Vento”. Aproveitar dos “ventos contrários” para transformá-los em “ventos favoráveis” que conduzam nossa vida para a “outra margem”. Soltar as amarras e âncoras de nossos apegos, de nosso consumismo, de nossa prepotência, afã de domínio, fundamentalismos, patriarcalismo, machismo... Precisamos perder o medo dos novos ventos e içar as velas das novas ideias, das visões arrojadas,dos projetos criativos, da riqueza da pluralidade de culturas, religiões, raças, deixar-nos mover pelo vento dos movimentos de liber-tação (povos em desenvolvimento, negros, indígenas, os sem terra, os movimentos ecologistas, pacifistas, feministas...), enfim, acolher o vento que nos impulsiona em direção ao novo e diferente...
A barca de nossa vida naufragará na estreita calma de mares mortos se não formos capazes de desatar os antigos nós de marinheiros que impedem içar as velas para receber os novos ventos da história.
Durante a tormenta aprender a recordar que depois da tempestade vem a calma, para não perder assim o horizonte nem a esperança. Afinal, somos “seres de travessia”.





Texto bíblico:Mt 14,22-33

*Jesus conhece a necessidade de inter-vir no mais escondido de cada  um dos discípulos; ali estão alojados os mais di-ferentes medos, que minam a força e a coragem do seguimento.
* Dar nomes aos medos pessoais: são reais? Imaginários?

segunda-feira, 28 de julho de 2014


DEIXAR-SE AFETAR PELO SOFRIMENTO DO OUTRO-“Jesus viu uma grande multidão e, tomado de compaixão, curou os seus doentes” (Mt 14,14)



DEIXAR-SE AFETAR PELO SOFRIMENTO DO OUTRO

“Jesus viu uma grande multidão e, tomado de compaixão, curou os seus doentes” (Mt 14,14)

Quem é verdadeiramente humano?Aquele que é movido pela compaixão.
O grau de humanidade (ou de barbárie) de nosso mundo se mede pelo grau de sensibilidade diante da dor humana. E é a compaixão a melhor expressão dessa sensibilidade e humanidade: deixar-nos afetar pelo que acontece – ou seja, ter uma sensibilidade limpa, desbloqueada e vibrante.
Definitivamente, a compaixão é central para sermos humanos. O sofrimento das vítimas nos “descen-tra” e nos faz “descer com paixão” aos seus pés e nos situar ao lado (a favor) delas.Sempre se pode “pas-sar para o outro lado”.Aí é onde se abrem espaços à compaixão.
No interior de todos nós há sempre reservas e redutos de bondade, muitas vezes, adormecidos, mas que podem ser ativados diante da dor e da miséria dos outros. Não somos sempre e totalmente egoístas. Uma desgraça, uma tragédia... podem muito bem “impactar nossas entranhas” e despertar a consciência de que fazemos parte da mesmafamília humana.
Esta compaixão não é meramente um sentimento privativo, mas reação “apaixonada” diante das injustiças sangrentas de nosso mundo.Nos sofredores há algo que atrai e convoca, que nos faz sair de dentro de nós mesmos e nos fazer próximosdos sofredores; aí reside a origem da solidariedade que suscita uma ação eficaz e um compromisso de vida a favor de quem é vítima de situações injustas.
Ao mesmo tempo, não é raro que a compaixãodesperte o contato com a nossa própria vulnerabilidade ou fragilidade. Quando acolhemos toda essa nossa realidade a partir de uma atitude humilde, é provável que emerja um sentimento amoroso para nós mesmos. E, a partir dele, nos tornamos mais sensíveis ao sofrimento dos outros.

O campo da compaixão é o encontro pessoal, ou seja, quando as pessoas decidem romper as barreiras que as isolam e deslocar-se uma em direção à outra. No encontro, estabelecem-se relações que mudam as posições entre si, umas e outras intercambiam seus lugares vitais e os laços da existência ficam reforçados.
O primeiro traço do encontro compassivo é a gratuidade.Aqui não se gera uma situação de dependência ou de senhorio, mas revela-se um “excesso” de amor, que não se mede.
Outro traço do encontro compassivo é a proximidade. Tocar, ver, aproximar-se, deixar-se afetar..., são requisitos da compaixão, superando as barreiras da indiferença, da falta de atenção. A distância os fez estranhos, a proximidade, o abraço os devolve a seu lugar: filhos, amigos, amados, festejados...
O terceiro traço do encontro compassivo é a profundidade, que desperta a capacidade de amar que está presente em todo ser humano. Compartilha-se a ferida mais profunda da outra pessoa. Só se pode amar o que tem mistério, e onde há mistério há profundidade.

A cena evangélica da multiplicação dos pães revela que o Reino nem sempre chega pelos caminhos “religiosos”, mas pode chegar através da compaixão despertada pela situação desumanizadora do outro. A compaixão derruba todas as barreiras.
Compaixão, no seu sentido etimológico, quer dizer “sofrer com”. Esse é o sentido do amor: ter o outro dentro da gente. A compaixão é uma maneira de sentir. É dela que brota a ética. A falta de compaixão é uma perturbação do olhar. Olhamos, vemos, mas a coisa que vemos fica fora de nós.
“Jesus olhou e multidão e teve compaixão”.Ele faz vibrar as pulsões do humano presentes em cada pessoa. Seu jeito de “ser humano” entra em sintonia e desperta o que é mais humano no outro.
Um dos traços que definem a nossa época é o fato de ser uma era de “sem-compaixão”, um tempo no qual se faz muito difícil vibrar de verdade com os outros, e especialmente com os outros mal-tratados pela situação sócio-econômica.A compaixão está cada vez mais ausente da esfera pública e de nossas rela-ções com o outro diferente e com o outro distante que sofre. Aqui está a chave da incapacidade de nossa sociedade para responder aos desafios atuais.

No evangelho de hoje, em contraste com atitude compassivade Jesus diante das multidões, os discípulos, percebendo a hora avançada, pedem que elas sejam despedidas para que comprem pão e se alimentem. Esta é a lógica desumanizadora: devolver as pessoas às suas próprias possibilidades limitadas, à escassez e à privação que a sociedade as relegou. Os discípulos são sensíveis à fome do povo empobrecido, mas o dei-xam à mercê de seus próprios recursos. Não conhecem outra solução.
Jesus abre outra lógica: a da partilha, frente à logica do mercado, focado naapropriação e na acumula-ção.“Quantos pães tendes?”, pergunta que desinstala e possibilita encontrar uma saída, pequena mas mobilizadora: a partilha de cinco pães e dois peixes.
Só se fará efetiva a nova comunidade quando pães e peixes entrarem na lógica do Reino. Sem oferecer o próprio pão, os próprios recursos, a própria pessoa, não há possibilidade de construção do Reino de Deus.

A multidão dispersa, transformada pelo encontro com Jesus, já é capaz de sentar-se em grupos ordenados sobre a relva, iguais, sem divisão em hierarquia, que costuma criar fissuras na comunhão. Os que tinham algo para comer também foram repartindo com os outros. Na realidade, o verdadeiro milagre foi o da par-tilha, onde as pessoas famintas não se lançam vorazmente sobre os pães numa luta para conseguir os ali-mentos escassos. Compartilhar gratuitamente com os outros, com desconhecidos, e não acumular o que sobra, isso sim é milagre.
Em cada migalha de pão, em cada pedaço de peixe, há uma história de amores e trabalhos que vão passando de mão em mão, sem cobiça devoradora. Os bens deste mundo carregando dentro uma vocação fraterna e universal. São dons para todos.
Nesta refeição de todo o povo sobre o campo verde não se discrimina ninguém, não se pergunta a ninguém pelo seu passado, sua profissão ou sua situação moral e religiosa. Todos são acolhidos como expressão das entranhas compassivas de Deus, que chama todos a compartilhar sua mesa. Todos se sentem pessoas dignas e amadas.
Esta é a utopia do Reino: tudo está reconciliado: o cosmos, com a natureza verde e em paz; os produtos do trabalho humano, da generosidade do mar e da terra; e as pessoas, numa relação harmoniosa entre si e com Deus, sem exclusões, competições nem privilégios.
A compaixão de Jesus situa tudo na lógica do amor, que é a única força transformadora da história.


Texto bíblico:Mt 14,13-21

Na oração: A oração é tambémquestão de densidade de vida, de
humanismo, de ativar a sensibilidade para com aquelesque não têm quem os defenda; é revelar que em nosso peito bate um coração de amor infinito, capaz de vibrar e mobilizar-nos em favor dos outros.A oração implica entrar em sintonia com o coração compassivo de Deus voltado para a miséria humana.

terça-feira, 22 de julho de 2014

CRISTÃO: porque busca, move os outros à busca



CRISTÃO: porque busca, move os outros à busca

“O Reino dos Céus é semelhante a um negociante que anda em busca de pérolas preciosas”

As duas pequenas parábolas de hoje nos remetem a uma questão, básica e universal, que acompanha todo ser humano: qual é o “tesouro” de minha vida? Onde estou investindo minhas energias e criatividade? O que dá sentido à minha existência e é capaz de plenificar meu coração?
Essa “aspiração essencial”, que habita o coração humano, é a que nos converte em “buscadores”.
E o que é que, consciente ou inconscientemente, estamos buscando na vida?
As imagens do tesouro e da pérolanão se referem a algo “separado” que, a partir de fora, viria dar sentido à nossa existência. O tesouro e a pérola é o que já somos, embora ainda não os tenhamos descoberto. Em outras palavras, o “buscador é o buscado”.
Na realidade, o que andamos buscando é o nosso “eu verdadeiro” ,o “eu profundo”, a “identidade original”. Nesse sentido, só o que nos faz mais humanos, e na medida em que nos faça mais humanos, plenificará nossa existência.
O dia em que isso acontecer, vibraremos de alegriae seremos capazes de renunciar a outros valores, critérios e expectativas que se revelavam efêmeros.

Mas, como podemos encontrar o caminho que nos leva àquilo que tanto buscamos?
Jesus nos indica que é aquele que nos leva às nossas próprias profundezas; portanto, um caminho de “descida” ao nosso próprio santuário interior.
Lá, nos deparamoscom os lados sombrios, com nossos limites e nossas fragilidades humanas. Somos, como diz S. Paulo, um tesouro em vasos de barro. Em nosso “húmus” carregamos uma nobreza.
É justamente no meio do cascalho interior que podemos encontrar o tesouro, a pérola preciosa; é exatamente aqui que alcançamos nossa verdadeira identidade.
A pérola cresce nas feridas da ostra; no caminho espiritual, bem como no caminho de nossa humanização, precisamos aprender a descobrir a pérola nos ferimentos da nossa própria biografia.
“Onde estivermos quebrados, onde estivermos feridos, lá também se quebram as máscaras que usamos. Somos quebrados para revelar nosso eu verdadeiro” (Henry Nouwen).
Hildegarda de Bingen vê o propósito dos processos da humanização justamente na transformação dos ferimentos em pérola.

Viver é desafiador na medida que viver é buscarum sentido para a própria existência. A dinâmica da busca marca a caminhada humana e define os rumos da vida. Vive-se em permanente busca e só àmedi-da que se vive para buscar  é que a vida se torna, de verdade, vida, com mais sabor e sentido. O que se busca define e determina o que é a vida da pessoa. “Diga-me o que buscas e dir-te-ei quem és”.
No interior de cada um ficou aguçada a dinâmica da busca, aquela que mantém a vida de todo coração e o incita na busca do que vale, do que conta e do que é essencial. O coração humano foi feito para encontrar a razão mais profunda do seu viver; há uma inquietude latente em seu interior que o faz peregrino do sentido. Tão fundamental como é o respirar, toda pessoa precisa assumir sua condição de navegadora do infinito. Somos, por natureza, eternos buscadores e garimpeiros do novo.
A vida se torna mais vida na medida que se vive para dar razão a essa busca. Uma busca que exercita o coração e o modula na sinfonia amorosa do coração de Deus. Ele é a única e completa razão da busca do coração humano.

Todo ser humano é aventureiro por essência; com ardor, ele anseia por uma causa última pela qual viver, um valor supremo que unifique a multiplicidade caótica de suas vivências e experiências, um projeto que mereça sua entrega radical. Para dar sentido à sua vida e realizar-se como pessoa, o ser humano necessita da auto-transcendência, isto é, viver para além de si mesmo, de seus impulsos, caprichos, desejos...
Carrega dentro de si a sede do infinito, a criatividade, a capacidade de romper fronteiras, os sonhos, a luz...
Portador de uma força que o arrasta para algo maior que ele... não se limita ao próprio mundo; traz uma aspiração profunda de ser pleno, de realização, de busca do “mais”...
Estar em busca é sair do próprio ser atrofiado pelas preocupações individuais para mover-se num horizonte maior; estar em busca é perguntar-se, é estar aberto para ser tocado pela mais profunda das graças: a gratidão diante de Deus.

É importante ter claro o que é que se busca. No supermercado da vida pode-se buscar tudo. As ofertas são muitas. Às vezes corre-se o risco de perder o rumo, não perceber o que é e onde está o essencial, apegar-se ao que é passageiro; com isso, a busca desemboca em algo sem sentido, vazio.
É difícil a tarefa de buscar quando alguém se encontra acomodado e satisfeito de tudo e, ao mesmo tempo de nada. Então, para quê buscar? Como despertar e alimentar a sede da busca?
Toda busca inclui a purificação de motivações para permitir o encontro de tudo o que garante e promove a vida. É exercício de discernimento constante:“o quê busco? Por quê busco? Tem sentido e valor aquilo que busco? Para onde me leva a força da busca?...
É preciso buscar sempre. Importa, pois, buscar o que dá garantias de fecundidade para a vida.
Porque busca, desperta também nos outros o “ser buscador” que está escondido.

O desejo do encontro é força determinante para se manter acesa a chama da dinâmica da busca.
A pérola que é buscada, justifica, com razões de sobra, o esforço e a recompensa do encontro. Vale a pensa buscar o que é importante e encontrar aquilo que responde às razões mais profundas da busca.

No caminho do seguimento de Jesus, a busca é um dinamismo determinante da mente e do coração de cada um. Aquele que busca, movido por um espírito de aventura e por uma causa, quando encontra, vibra de alegria, como a parábola do buscador de pérolas.
Somos continuamente desafiados diante da grandeza da vida.
Por isso, buscar torna-se um hábito de vida.
Não é a busca de uma coisa qualquer. Busca-se pela força do amor.
Só o amor faz buscar o que vale a pena encontrar. Quem busca por amor encontra o essencial, o tesouro.

Texto bíblico:Mt. 13,44-46

Na oração: seu coração é portador da forçainsubstituível da busca.
- o que você está buscando?