segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Convite

Aos Amigos da Comunidade Loyola,

É tempo de Natal, um momento de paz, onde todas as pessoas se abraçam, se entendem, se cumprimentam e buscam por novos sonhos, para tentar descobrir a razão da verdadeira felicidade.
Neste momento em que elevamos nosso sentimento de fraternidade, de agradecimento pelas bênçãos que recebemos a todo momento, a Comunidade Loyola os convida a participar da Celebração Eucarística conosco, na capela do Colégio Loyola, pontualmente às 19h15min, da próxima segunda-feira, dia 17 de dezembro. Em seguida, faremos um lanche comunitário e pedimos que cada um traga algo para partilha.

“A Melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida.

Abraços Fraternos,
Licínio Andrade Gonçalves.
Pai voluntário na APL

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

3º Domingo do Advento.



ADVENTO: passagem do “fazer” ao “ajudar

“As multidões perguntavam a João: ‘Quê devemos fazer?’” (Lc. 3,10)

 “O povo estava na expectativa...”: uma bonita maneira de indicar uma atitude positiva de espera diante de João Batista que, sob o impulso da Palavra brotada no deserto, tocou o coração de muitas pessoas; seu chamado à conversão e seu apelo a uma vida mais fiel a Deus despertou em muitas delas uma pergunta concreta: “Quê devemos fazer?”.  Com algumas pinceladas João reforça a necessidade de mudar a maneira de pensar e de agir; isto é, desatar o que já está presente em nosso coração: o desejo de uma vida mais justa, digna e fraterna.
João não fala do cumprimento minucioso das normas legais ou dos ritos religiosos. Em nenhum caso faz alusão à religião; o que ele pede a todos é melhorar a convivência humana. De fato, uma religiosidade que não se alarga em direção aos outros não é a religiosidade que Deus deseja.
Ou seja, não se trata propriamente de fazer coisas nem de assumir deveres, mas ser de outra maneira, viver de forma mais humana; trata-se de que, a partir do centro de cada pessoa, aquilo que é o verdadeiramente humano, flua humanidade em todas as direções. Que todo o ser se mova na perspectiva do amor oblativo.


No entanto, corremos o risco de transformar o “fazer” em simples ativismo, ou seja, uma ação desprovida de sentido e de direção. De fato, vivemos mergulhados numa cultura de resultados, distraídos e perdidos na variedade de luzes, cores, sensações fugazes, vivências superficiais... A existência inteira faz-se maquinal e rotineira.
O cotidiano torna-se convencional e, não raro, carregado de desencanto, pesado, estressante...  Corremos o risco de sermos apenas imitadores ou repetidores, pois tememos nos perder na busca do novo; as respostas são confirmadas e as perguntas silenciadas.
Vivemos a “compulsão da utilidade”, preocupando-nos unicamente com o fazer habitual” que não tem maior impacto na realidade social-eclesial,  não muda nada...
De fato, muitas vezes vivemos, no cotidiano da vida, o drama da desintegração: atividades soltas, des-providas de inspiração e criatividade, num ritmo burocrático e sem o exercício da avaliação das mesmas. Falta uma referência e um horizonte que unifique tudo, que possibilite reorientar e canalizar nossas potencialidades, impulsos, inspirações, que desperte nossa paixão e dê novo sentido à nossa missão.
Com isso, nossa missão se transforma em pura “fazeção”, ou seja, fazer por fazer, fazer para afirmar-se, fazer para brilhar, fazer para produzir, fazer para se impor...

Para integrar bem os diversos dinamismos da vida, é decisivo centrar no horizonte que inspira nossa missão e nos motiva a fazer o que fazemos e como fazemos. E o horizonte é “ajudar”.
 “Ajudar” é, para a espiritualidade do Advento, o horizonte e a chave de integração de nossa vida.
“Ajudar”, como atitude pessoal e comunitária, é o equivalente evangélico “servir”. Um “ajudar” (servir) que brota da experiência de ser “ajudado” (servido) por um Deus servidor.
No “ajudar” dão-se as mãos o amor a Deus e o amor à pessoa humana, a experiência interior e a ação cotidiana, a ação e a contemplação; nele se expressa a profundidade e o enraizamento da pessoa nas exi-gências cotidianas da vida; nele convergem a busca de Deus e o compromisso com o mundo.
“Ajudar” nos remete a uma espiritualidade ativa, mas que não consiste meramente em “fazer”, nem se acomoda com qualquer forma de fazer; ele nos permite olhar o global e comprometer-nos com o particu-lar. “Ajudar” pede um coração magnânimo, ou seja, grandeza de sonhos, de ânimo e de desejo; mas, ao mesmo tempo ele nos convida à humildade, ou seja, abrir-nos às necessidades do outro, descer ao nível do outro, renunciando nossos próprios critérios, modos fechados de viver...
 “Ajudar” é oposto do ativismo, que é um fazer “insensato”, sem sentido e sem direção. “Ajudar” é fazer com inspiração, com horizonte de sentido; é perguntar-nos continuamente: “por que fazemos isso? para quem fazemos?... “Em quê posso ajudar?” (D. Luciano M. de Almeida)
“Ajudar” nos permite “trabalhar descansadamente”, encontrando prazer e humor naquilo que fazemos, porque iluminado por um horizonte que nos atrai.

Para “ajudar” de verdade, é necessário em primeiro lugar, que nosso fazer esteja atravessado de visão (de Deus, de ser humano de mundo), de escuta, de atenção, de compaixão e contemplação da realidade na qual estamos inseridos, e das pessoas a quem somos chamados a ser presença solidária; que não seja, simplesmente, a aplicação de um plano ou esquema pré-estabelecido, pensado a partir de nós mesmos.

“Ajudar” não vai na linha do impor, senão do propor. Trata-se, isso sim, de propor com qualidade, com firmeza, com proximidade, com compromisso pessoal, tendo cuidado especial na arte do acompanha-mento. Isso requer presença gratuita, desinteressada, centrada no bem da outra pessoa, sem criar depen-dências, mas fazendo o outro crescer em liberdade.
“Ajudar”  implica possibilitar ao outro  ser protagonista de seu processo, devolver ao outro a autoria, a autonomia... No “fazer” o centro somos nós, no “ajudar” é o outro; no “fazer” medimos a quantidade, no “ajudar”, a qualidade de nossa ação. No “ajudar” há parceria (mão dupla): na medida em que ajudamos, somos ajudados; na ajuda há um enriquecimento e crescimento mútuo.
“Ajudar” não é substituir os outros naquilo que eles podem e tem de fazer, ou dizendo o que tem de ser feito, mas colocá-los em condição de que eles mesmos se experimentem ajudados, descubram por isso o Deus que ajuda a todos e sintam o impulso para ajudar a todos como ideal de suas vidas.
A prioridade da atenção aos outros nos obriga a pensar, a inovar, a propor de uma outra forma, a mudar... Só assim, quando nosso fazer é dinâmico, ele se transforma em “ajudar”. O carinho e a sensibilidade para com os outros, o desejo profundo e sincero de “ajudar” é o que vai nos mobilizar.
Se a lógica profunda do nosso fazer é “ajudar, devemos fazer mais por aqueles que mais ajuda necessi-tam, por aqueles mais desvalidos, que são mais fracos, que estão mais desprotegidos...

 Além disso, “ajudar” tem maior visibilidade quando a missão é vivida em grupo, quando a colaboração com outros e a partilha em comum tornam-se um “modo de proceder”, esvaziando-nos de toda pretensão de sermos proprietários para sermos simples servidores.
“Ajudar” os outros, inspirados e animados pelo Espírito de Jesus, é o que torna “espiritual” nossos atos, nossos pensamentos e orações, nossos trabalhos, nossa vida inteira.
“Ajudar”  faz “espiritual” nossa vida, toda nossa vida.
Quem vive o clima do Advento não é prisioneiro da “cotidianidade”; toda a nossa vida se transforma na história de uma espera e de um encontro surpreendente. Nessa espera vislumbramos detalhes decisivos: a vivência da ternura, a reinvenção da vida em cada amanhecer, a gratuidade amorosa, a alegria descon-trolada, o despertar de sonhos... Espera-se Jesus vivendo os valores que Ele encarnou: o cuidado dos pobres, o coração dilatado no serviço, o cuidado terapêutico, a ajuda gratuita...
Nessa atitude de espera o cristão pode dar sabor à sua vida: nos pequenos gestos ela floresce e aponta para um sentido novo.

Texto bíblico: Lc. 3,10-18

Na oração: sua missão como seguidor(a) de Cristo: simples ativismo burocrático ou espaço de ajuda criativa?
* Como cristãos, como podemos responder frente ao chamado tão simples e tão humano de João Batista?

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Advento.



LÁ PELAS QUEBRADAS DO DESERTO...

“Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘preparai o caminho do Senhor’” (Lc. 3,4)

Advento: o despertar de um novo tempo e de um novo mundo.
Advento: não é só um “tempo litúrgico”, mas uma dimensão básica da vida: estar atentos à Palavra, porque vem, sempre vem, continuamente, porque Deus é incansável, porque o Amor é incansável.
É nesse contexto que o evangelista Lucas afirma com toda firmeza que “a Palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto”. Não em Roma, nem no recinto sagrado do Templo de Jerusa-lém, mas no deserto.
Em outras palavras: o acontecimento decisivo de Jesus Cristo é preparado e acontece fora dos lugares de influência e poder. Assim a Graça e a Salvação de Deus banham a história. O essencial não está nas mãos dos poderosos; eles que controlam as diferentes esferas do poder político e religioso, aqui não decidem nada.
No “deserto” se esconde e se revela uma presença
O pano de fundo deste tempo litúrgico é a experiência bíblica do deserto onde se pode escutar melhor o chamado de Deus para transformar o velho mundo.
Deserto passa a ser tempo de purificação e de vida em marcha: povo peregrino apegado somente em Deus. O deserto é território da verdade, o lugar onde se vive do essencial. Não há lugar para o supérfluo. Não se pode viver acumulando coisas sem necessidade. Não é possível o luxo nem a ostentação. O decisi-vo é buscar o caminho acertado para orientar a vida.
Por isso, muitos profetas aspiravam tanto o deserto, símbolo de uma vida mais simples e melhor enraíza-da no essencial da realidade e de nossas vidas. É em meio ao deserto que o Batista anuncia o grande “Batismo”, ponto de partida de conversão, purificação, perdão e início de vida nova.

No deserto Israel aprendeu a descobrir e a confiar em Javé. Longe da segurança do Egito emerge o que há
no fundo do seu coração. Os profetas cantam o tempo do deserto como tempo das obras maravilhosas de Deus. Foi no deserto que o povo de Israel sentiu profundamente sua pequenez e total dependência de Deus. Na travessia do deserto aconteceu a provação e a intimidade com Javé.
Não existiam caminhos prontos. Era preciso discutir, planejar, rezar, lutar e sonhar para fortalecer a caminhada. No fundo, o Êxodo era uma radical opção pela liberdade, porque um povo só é livre quando pode escolher o rumo de seu caminhar.
Deserto: lugar da Aliança, escola da intimidade com Deus; expressão que, mais do que um determinado lugar, indica uma experiência forte de Deus.
João, como também todos os personagens bíblicos, fez da experiência de deserto sua peregrinação interior, confronto com a própria vida, comunhão com o Senhor, descoberta da própria missão...

Nós também somos chamados ao deserto.
Ao tomar distância do viver cotidiano, temos a possibilidade de reconhecer a ação de Deus em nós com outra luz e com outra força A experiência de deserto passa a ser “tempo e lugar” de decisão, de orientação decisiva da vida, de enraizamento de nossos valores, de consciência maior da nossa identidade pessoal e da nossa missão... O mestre do deserto é o silêncio; o deserto tem valor porque revela o silêncio, e o silêncio tem valor porque nos revela Deus e a nós mesmos.
O deserto é o grande auditório para ouvir Deus; “solidão” cheia de presença. Ainda que sozinhos, sentimo-nos solidários, em comunhão com todos. A proximidade de Deus vai ser sentida e percebida.
“O deserto é fértil” (D. Helder)
Com sua austeridade e simplicidade, o deserto não é lugar de experiências superficiais.
A profundidade da identidade de uma pessoa é testada e experimentada no deserto.
Quem anda no deserto sente profundamente o que é  o “nada”;  o deserto grita o nosso “nada”, nos coloca entre a areia e o céu, o nada e o Tudo, o eu e Deus.
A prática do “deserto”  é um fator sempre presente em toda procura séria de Deus.

Portanto: o deserto é o lugar do encontro:
         * encontro consigo no despojamento, onde a pessoa reconhece sua radical pobreza;
         * encontro com os outros pela capacidade que se adquire de uma comunicação que brota de dentro;
         * encontro com Deus que se faz sentir em cada etapa do caminho, como o grande Peregrino.


Caminhar para o deserto  é “fugir” das falsas seguranças e das certezas estabelecidas, dos apegos, das dependências... Pode-se fugir para o droga, fugir para o trabalho, fugir para o imaginário ou a fantasia, fugir para a obediência cega ou o fatalismo... mas o importante é saber do que se está fugindo: seria da realidade daquilo que somos? No deserto não se pode esquecer “quem somos e o que somos”.
Fugir para o deserto não é fugir do mundo, mas “fugir para Alguém”, “fugir sozinho para o Só” (Plotino); fuga que é muito mais um impulso do coração, “desejo de conhecer como sou conhecido, desejo de amar como sou amado”, “fugir para Deus”, “fugir unificado, para o único Um”.
Fuga da dispersão, da agitação, da “normose”, do tarefismo...; fugir do que nos desvia daquilo que consi-deramos como o essencial, fuga que nos conduz a uma busca do sentido de nossa existência; isto signifi-ca não querer conhecer outro “senhor” senão Deus; é d’Ele e só d’ele que nos vem a vida e o sentido da nossa existência.

Nesse sentido, o Advento torna-se um “estar com João” no deserto, para, como ele, dar a Deus o lugar central de nossa vida. O deserto é “caminho”; o deserto não convida à permanência; é tempo intermédio, “existência provisória”, carregada de ansiedade e expectativa, não como uma mera “passividade negativa”, mas um estímulo para a construção, antecipação do final para o qual se tende.
Para quem crê, o deserto é lugar de passagem e de purificação: nele se cobra maior consciência da meta, a terra nova onde habitará a justiça.

O Advento é um tempo em que damos maior liberdade a Deus para agir em nós; é abrir espaço, alargar o coração para a ação de Deus. É tempo de re-construção de si (conversão), de retomada da opção fun-damental por Deus e pelo seu Reino (maior serviço, mais compaixão, mais partilha, mais solidariedade...).

Texto bíblico:  Lc. 3,1-6

Na oração: Como responder hoje a este  cha-
                       mado? O Batista resume  numa imagem tomada de Isaías: «Preparai o cami-nho do Senhor». Nossas vidas estão semeadas de obstáculos e resistências que impedem ou dificultam a chegada de Deus aos nossos corações e comunidades, à nossa Igreja e ao nosso mundo. Deus está sempre perto. Somos nós que temos de abrir caminhos para acolhê-lo encarnado em Jesus.
As imagens de Isaías convidam a compromissos muito básicos e fundamentais: cuidar melhor do essencial, sem distrair-nos no secundário; retificar o que foi deformado entre nós; endireitar caminhos tortos; acolher a verdade real de nossas vidas para recuperar um impulso de conversão.
- qual é o seu estado de ânimo e disposição para viver este Advento?
                           - Você está preparado para a travessia do deserto? Está disposto a “caminhar”,  a “sair”?
     - Você está disposto a ser mais servidor, mais acolhedor, mais atento aos outros... neste Advento?   

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

8º Encontro da Novena.



Novena de Natal 2012                                     8° Encontro
       “Andar com fé eu vou...”                                             Canto de Acolhida

Tocando em Frente

Almir Sater

https://www.youtube.com/watch?v=QNNwIsALb08


Ando devagar porque já tive pressa,
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe,
Só levo a certeza, de que muito pouco sei,
Ou nada sei

REFRÃO         Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro, levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
REFRÃO
Todo mundo ama, um dia, todo mundo chora
Um dia a gente chega, e no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz
REFRÃO

____________________________________________________________________________________

Leitura do dia – Tiago, 2,14-18 – “Fé em ação, ação de fé”

Meus irmãos: que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? A fé seria então capaz de salvá-lo? Imaginai que um irmão ou uma irmã não têm o que vestir, que lhes falta a comida de cada dia; se então alguém de vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos”, ou: “Comei à vontade”, sem lhes dar o necessário para o corpo, que adiantará isso?
Assim também a fé: se não se traduz em obras, por si só está morta.
Em compensação, alguém poderá dizer: “Tu tens a fé e eu tenho as obras!”. Então, mostra-me a tua fé sem as obras, que pelas minhas obras eu te mostrarei a minha fé!
_____________________________________________________________________________________
PARTILHA DA PALAVRA

Para aprofundar
A Fé e as obras
           
O Natal, mistério da Encarnação, revela, em Jesus, um Deus que se faz Homem, assume nossa História e coloca-se a serviço do projeto de libertação de cada pessoa humana. A Igreja, herdeira da missão de Cristo, deve ser, portanto, uma comunidade de serviço e a serviço.
O serviço ao próximo, em especial ao mais necessitado, é, portanto, consequência natural da fé cristã. Mas, que tipo de ação a Fé nos pede?
Adultos, alguns afastados a tempos da Igreja, passam por experiências de “conversão” via encontros de casais ou outros semelhantes, onde há um impacto inicial imenso.
Dose fartas de emoções vividas durante o Encontro, depoimentos, cartas de parentes, palestras impactantes, surpresas, e temos como resultado um grupo de pessoas com disposição para mudar o mundo!
Mas, passado o primeiro momento... se a semente não tiver tempo ou condições de estender suas  raízes em busca de seiva mais profunda, seca, morre, é devorada pelos passarinhos...
Jesus levou cerca de três anos ‘formando’ sua comunidade, estreitando os laços entre os homens que dariam início à caminhada da Igreja. Não foi muito feliz, no início. Foi preciso uma mãozinha do Espírito Santo, em Pentecostes.
Num grupo, dinâmicas de entrosamento, textos bíblicos e outros que facilitem a partilha de experiências de vida onde as pessoas se dão a conhecer, esses devem ser os primeiros passos de uma comunidade cristã.
Mas o essencial está na maior fonte de energia para a caminhada: a vida espiritual. Passado o entusiasmo do Encontro, é “preciso tocar em frente”. A vida interior, a experiência diária da oração pessoal, a vivência dos sacramentos, vão apontar a direção, o rumo. Daí vai surgir, naturalmente, a necessidade de conhecer melhor sua Religião, a Palavra de Deus, os mistérios centrais da fé cristã. E tudo leva à tradução natural da vida interior, o gesto de solidariedade, a prática da justiça, o serviço solidário.
Apesar disso, tenho visto muitos grupos atropelarem esses passos. Talvez pela necessidade de recuperar o tempo perdido, querem logo construir uma ação conjunta, adotar uma creche, visitar um asilo, arrecadar cestas básicas, ir a um hospital. Não poucas vezes, depois de um início cheio de entusiasmo, o grupo acaba por desanimar e se desfazer, sem que seus membros tenham tido tempo sequer de se conhecer melhor.
Há aqueles que usam o serviço solidário até como remédio para as crises do grupo. Se o clima é de desânimo, falta motivação, as reuniões estão monótonas, sempre parece alguém, super bem intencionado, sugerindo alguma ação como as descritas acima para sacudir o ânimo do pessoal, para dar um novo alento. Sem julgar intenções, que podem ser as melhores possíveis, mas ações desse tipo, além de frequentemente inúteis, podem também ser, de certa forma, cruéis. Podemos acabar ‘usando’ o idoso no asilo, a criança na creche, o mendigo na rua para aliviar as nossas próprias tensões e até sentimentos de culpa.
Num grupo de leigos, pode haver alguém com sensibilidade, jeito e paciência para lidar com idosos, outro com crianças. Um consegue manter a calma e a serenidade numa enfermaria de hospital, há quem não pode nem ver uma mancha de sangue...
Vincular todos os membros do grupo a uma mesma experiência ou ação de solidariedade, mais que um equívoco, pode ser até um desrespeito ao jeito de ser de cada um.
O grande espaço do serviço solidário, o lugar onde somos chamados a ser sinal amoroso e fraterno da presença de Deus, é o cotidiano em que vivemos. Na experiência familiar, no nosso trabalho, na relação com as pessoas conhecidas, próximo que está mais próximo...  é aí que devemos viver o nosso apostolado primeiro. E é onde é mais difícil...
É mais fácil ser caridoso com desconhecidos do que com aqueles que estão ao nosso lado, dividindo os desgastes do cotidiano.
Pode até ser que, uma vez ou outra, o grupo possa participar unido de um trabalho comum. Pode até ser que todos os membros tenham condição financeira para contribuir com a manutenção de uma entidade. Tudo isso é possível, mas será sempre um complemento. Um grupo de vida cristã reúne-se para partilhar uma caminhada de vida que, apesar da expressão social e comunitária, é pessoal.
Deus me conhece pelo nome. Ele me fez único, raro e precioso.
Fazer-me um ser humano cada vez melhor é o maior ato de fé, o maior gesto de solidariedade que posso oferecer à humanidade. O grupo existe para ajudar-me nessa construção.

Eduardo Machado

____________________________________________________________________________________
Para rezar até o próximo encontro
João 6,35-40
Oração pessoal: louvar, agradecer, pedir, oferecer... (preces espontâneas)
Oração da comunidade

Senhor nosso Deus, que, por ser amor, quis ser Trindade, e que, por ser Trindade é, desde sempre, família; abençoa nossas famílias.
Abençoa a cada um de nós que faz essa caminhada.
Semeia em nosso coração os dons da fé, da esperança e da caridade. E que os frutos sejam abundantes na seara da nossa vida.
Ensina-nos a crer para ver. E que, vendo, tenhamos a coragem de testemunhar.
Abençoa a nossa comunidade e a cada um de nós, ensinando-nos a amar como nos amas, sem cobranças ou condições, a não ser o próprio amor. Amém!
Eduardo Machado/novembro de 2012