quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

NOVENA DE NATAL 2010
- construindo o Presépio para acolher Jesus –
7° dia



Oração de Acolhida

Senhor nosso Deus, que nos visitas assim, Menino.
Dá-nos aprender de vós a simplicidade
Que se faz brilho e beleza,
A fragilidade que se faz força e poder,
A serenidade que se faz ternura,
A quietude que se faz paciência

Transforma nosso coração em manjedoura
Que nossos braços e mãos possam ser, como os de Maria
Aconchego e cuidado com todos os meninos e meninas
De todas as idades, do mundo todo
Em especial os que nascem e vivem perto de nós

Que nosso olhar seja como o de José
Sereno e firme
Livre e confiante
Sabendo exatamente o que deve e precisa ser feito
Para o Natal, de verdade, acontecer.

Ilumina nosso caminho com o brilho da vossa estrela
Inspira em nosso coração a generosidade dos magos
A hospitalidade dos pastores
O calor dos animais que, na sua irracionalidade
Foram testemunhas silenciosas do milagre maior

Deus se fez um de nós
A eternidade vestiu-se de Tempo
O Todo Poderoso mergulhou em nossa limitada humanidade
E o Universo se fez Altar.

Diante da humildade do Presépio podemos vislumbrar em nós, com Ele
As centelhas de divindade que refulgem em nossa alma
Desde o Gênesis

Amém!
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Meditação do sétimo dia – “Chamados a ver Deus...”

“Os pastores foram às pressas e encontraram Maria e José, e o recém nascido deitado numa manjedoura. Tendo-o visto, contaram o que o anjo lhes anunciara sobre o menino. E todos os que ouviam os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. Maria, porém, conservava todos esses fatos, e meditava sobre eles em seu coração...”
Lucas 2,16-19




O dia em que vi Deus
Frei Betto

Natal é a "despapainoelização" do espírito.
É quando o coração torna-se manjedoura e, aberto ao outro, acolhe, abraça e acarinha.
Violenta-se quem faz da festa do Menino Jesus uma troca insana de mercadorias. Quantas ausências nesses presentes!
Em pleno verão, nos trópicos, o corpo empanturra-se de nozes e castanhas, vinhos e carnes gordas, sem que se faça presente junto àqueles que, caídos à beira do caminho, aguardam um gesto samaritano.
Ainda criança, em Minas, aprendi com meus pais a depositar junto ao presépio a lista de meus sonhos.
Nada de pedidos a Papai Noel.
No decorrer do advento, eu engordava a lista: a cura de um parente enfermo; um emprego para o filho da lavadeira; e a paz no mundo.
Meu pai insistia para que eu registrasse meus sonhos mais íntimos.
Aos 8 anos, escrevi: "Quero ver Deus".
Minha mãe ponderou: "Não basta Nossa Senhora, como as crianças de Fátima?".
Não, eu queria ver Deus Pai.
Nem imagens dele eu encontrava nas igrejas, que exibem, de sobejo, ícones de Jesus e pombas que evocam o Espírito Santo.
Na tarde de 25 de dezembro, meus pais levaram-me a um hospital pediátrico. Distribuímos alegria e chocolate às crianças, vítimas de traumas ou tomadas pelo câncer e por outras enfermidades.
Fiquei muito impressionado com um menino de 6 anos, careca.
Na saída, mamãe indagou-me: "Gostou de ver Deus?".
Fiquei confuso: "Só vi crianças doentes", respondi.
Então ela me ensinou que a fé cristã reconhece que todos os seres humanos são imagem e semelhança de Deus.
Por isso é tão difícil ver Deus.
Pois não é fácil encarar a radical sacralidade de todo homem e de toda mulher.
Aos poucos entendi que o modo de comemorar o Natal forma filhos consumistas ou altruístas.
E descobri que Deus é tanto mais invisível quanto mais esperamos que Ele entre pela porta da frente.
Sorrateiro, Ele chega pelos fundos, via um sem-terra chamado Abraão; um revolucionário, de nome Moisés; um músico com fama de agitador, Davi; uma prostituta, Raab; um subversivo conhecido por Jeremias; um alucinado, Daniel; um casal de artesãos que, recusado em Belém, ocupa um pasto para trazer o Filho à vida: Maria e José.
No Evangelho de Mateus (25, 31-46) Jesus identifica-se com quem tem fome e sede, é doente ou prisioneiro, oprimido ou excluído. Aqueles que para os "sábios" são a escória da sociedade, para Deus são os convidados ao banquete do reino.
Desde então aprendi que Natal é todo dia, basta abrir-se ao outro e à estrela que, acima das mazelas deste mundo, acende a esperança de um futuro melhor.
Sonhar com um mundo em que o Pai Nosso transpareça na grande festa do pão nosso.
Pois quem reparte o pão partilha Deus.
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- Onde será que Deus se revelará a você neste Natal...?
EJMM

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Você conhece o Rodrigo ?

Este é o nosso amigo Rodrigo !!

E esta é a história que ele quer te contar !


PONTO DE ENCONTRO PARA A ORDENAÇÃO DO GERALDO.

OLÁ AMIGOS !
A COMUNIDADE ESTÁ EM FESTA !
 NO DIA 18 DE DEZEMBRO TEREMOS A ORDENAÇÃO DO NOSSO QUERIDO GERALDO !
NOS ENCONTRAREMOS ÀS 17:30 HORAS NA PORTA DO COLÉGIO PARA FAZERMOS UM COMBOIO.
VAMOS TODOS JUNTOS!
AQUELES QUE NÃO ESTIVEREM DE CARRO, NÃO SE PREOCUPEM, TEM ESPAÇO PRÁ TODO MUNDO.
QUALQUER DÚVIDA LIGUE PARA MAGNUS/LUCIANA: 9949-5876 / 9793-5876.
BJIM,GISELE.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Deus.
Passei tanto tempo te procurando não sabia onde estavas,
olhava o infinito não te via.
E pensava comigo mesmo será que você existe?
Não me contentava, na busca e prosseguia.
Tentava te encontrar nas religiões e nos templos.
Você também não estava te busquei através dos sacerdotes
e pastores, também não te encontrei.
Senti-me só, vazio, desesperado e descrente.
E na descrença, te ofendi, na ofensa tropecei, e no tropeço caí,
e na queda senti-me fraco.
Fraco procurei socorro.
No socorro encontrei amigos.
Nos amigos encontrei carinho.
No carinho eu vi nascer o amor.
Com o amor eu vi crescer um mundo novo.
E no mundo novo resolvi viver.
E o que recebi resolvi doar.
Doando alguma coisa muito recebi.
E em recebendo senti-me feliz.
E ao ser feliz encontrei a paz.
E tendo a paz foi que enxerguei.
Que dentro de mim é que você estava.
E sem procurar-te.
Foi que te encontrei.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Esse grupo tem 14 anos !!

Precisa dizer que já somos uma família?




Só a Laurinha ainda está no Loyola.
Os outros já estão na Faculdade e alguns já se formaram.São os nossos tesouros !!

NOVENA DE NATAL- 6º DIA

NOVENA DE NATAL 2010
- construindo o Presépio para acolher Jesus –
6° dia




Oração de Acolhida


Senhor nosso Deus, que nos visitas assim, Menino.
Dá-nos aprender de vós a simplicidade
Que se faz brilho e beleza,
A fragilidade que se faz força e poder,
A serenidade que se faz ternura,
A quietude que se faz paciência


Transforma nosso coração em manjedoura
Que nossos braços e mãos possam ser, como os de Maria
Aconchego e cuidado com todos os meninos e meninas
De todas as idades, do mundo todo
Em especial os que nascem e vivem perto de nós


Que nosso olhar seja como o de José
Sereno e firme
Livre e confiante
Sabendo exatamente o que deve e precisa ser feito
Para o Natal, de verdade, acontecer.


Ilumina nosso caminho com o brilho da vossa estrela
Inspira em nosso coração a generosidade dos magos
A hospitalidade dos pastores
O calor dos animais que, na sua irracionalidade
Foram testemunhas silenciosas do milagre maior


Deus se fez um de nós
A eternidade vestiu-se de Tempo
O Todo Poderoso mergulhou em nossa limitada humanidade
E o Universo se fez Altar.


Diante da humildade do Presépio podemos vislumbrar em nós, com Ele
As centelhas de divindade que refulgem em nossa alma
Desde o Gênesis


Amém!
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Meditação do sexto dia – “Paixão...”


“Maria estava prometida em casamento a José...
Lucas 1,27






Necessários diálogos


Vivemos tempos de contradição. Ela se expressa, entre outras coisas, no confronto entre eros e mística no território do sagrado. Da postura medieval, que satanizava o erótico, passamos a uma sacralização da sensualidade, com o prazer hedonístico colocado no altar dos nossos sonhos, como fim único e absoluto dos nossos desejos.
No campo das religiões, a sexualidade sempre foi um tema difícil. Apesar de tímidos avanços, boa parte da hierarquia da nossa Igreja Católica ainda vê o sexo, no seu discurso moral, exclusivamente como instrumento de procriação. Isso coloca sobre a instituição um rótulo de conservadora, preconceituosa e atrasada. A questão torna-se ainda mais complexa com as recentes e recorrentes denúncias de pedofilia, atribuidas a representantes da Igreja. Ela, então, seria também hipócrita.
É curiosa a nossa sociedade. Promove e estimula em filmes, novelas, propagandas, um erotismo massacrante que inunda os meios de comunicação, e depois posa de moralista, cobra respeito e dignidade no comportamento sexual das pessoas.
Pensando nessa força poderosa que é o sexo, nas fantasias que construímos em torno dela, lembrei-me de uma visita que fiz, tempos atrás, à uma exposição sobre Darwin, no MASP, em São Paulo. Nas suas pesquisas o revolucionário biólogo constatou, entre outras coisas, que o ser humano tem a sexualidade em comum com os outros animais. Ou seja, também para a Biologia, sexo é um mecanismo de procriação e perpetuação das diferentes espécies. E os animais cumprem rigorosamente seu papel. Usam o sexo como expressão dos seus instintos de reprodução e transmissão de gens. Um cão não procurará uma cadela para fazer sexo, a não ser que a natureza lhe diga que ela está no período de cio e lhe será receptiva.
O ser humano é mais complexo. Para nós, sexo é muito mais que procriação. Aliás, a maioria das relações sexuais entre humanos não resultam em procriação. Assim, não podemos reduzir o sexo somente a sua dimensão biológica, física. Nós o usamos também como expressão de sentimentos profundos, de partilha da nossa identidade e da nossa intimidade com alguém a quem amamos de modo especial.
Limitar o sexo a um instinto que precisa ser saciado é abrir caminho para aberrações como a pedofilia, que dentro ou fora da Igreja, será sempre uma aberração a ser combatida como tantas outras. E isso começa por uma visão profunda, sem preconceitos ou moralismos hipócritas, que nos ajude a compreender o papel da sexualidade na experiência humana. Afinal, o sexo abraça nossa vida como um todo, inclusive a nossa dimensão espiritual.
Pensando em tudo isso fui buscar no texto bíblico pistas para uma compreensão mais profunda da sexualidade como instrumento de aproximação amorosa entre as pessoas e não apenas a utilização do outro como um objeto descartável.
Començando pelo “começo”, o Gênesis, a primeira coisa que me chamou a atenção foi perceber que somos “imagem e semelhança” de um Deus que é, desde sempre, Amor. E um amor que se faz encontro e relação. Por isso Deus “quis” ser Trindade. Quem ama não pode ser solidão.
Há em nós, portanto, na nossa “identidade espiritual” um gene amoroso que nos faz buscar, no outro, a possibilidade do amar e ser amado, nas muitas formas que o amor tem para entrar em nossa vida.
Outra curiosa revelação; na linguagem bíblica, o ato sexual é associado ao verbo “conhecer”. Logo no capítulo 4 do Gênesis, está escrito que “Adão conheceu Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz Caim...”. No texto bíblico, sexo é um instrumento de conhecimento do outro com quem compartilho muito mais que a cama, mas os afetos, os desejos, a vida.
Há todo um livro bíblico em que a sexualidade é tratada de forma poética, sensual, erótica, no sentido mais profundo e belo. Sem nenhum traço de desrespeito, o amor sensual entre um homem e uma mulher é usado como matáfora para falar do amor de Deus pelo sua criação, pelo seu povo. É o livro do Cântico dos Cânticos.
E foi lendo e rezando o Cântico dos Cânticos que compus a oração que compartilho agora com vocês.
Eros e Mística


“É comum apreciarmos um pôr do sol, ou o brilho das estrelas na escuridão da noite, e sentirmos aí a presença amorosa de Deus.
É comum apreciarmos a delicadeza de uma flor, a imensidão do mar, a beleza das ondas quebrando na areia e aí sentirmos a presença amorosa de Deus.
Passarinhos cantando, mangueiras em flor, parreiras de uvas com cachos pesados, são maravilhas da natureza que nos falam da presença amorosa de Deus.
Campos cultivados de milho, feijão, trigo, são presentes da terra-mãe e do trabalho humano que nos falam da presença amorosa de Deus.
Nós te louvamos, Senhor, porque sentimos tua presença nessas tuas criaturas.
Já não é tão comum observarmos o trabalho árduo do pedreiro, empilhando tijolos e os firmando com cimento, a faina diária do executivo às voltas com as responsabilidades da empresa, e sentirmos aí a presença amorosa de Deus.
Já não é tão comum observarmos a mulher que tempera com gosto o feijão de cada dia, cuida dos filhos, assume cada vez mais seu lugar no mundo do trabalho, das profissões, e sentirmos aí a presença amorosa de Deus.
Já não é tão comum, num mundo que separou o Eros do Místico, perceber a presença amorosa de Deus no cenário simples das coisas comuns e profundas, como a ternura entrre um homem e uma mulher enamorados.
Precisamos perceber que Deus se manifesta em todo gesto que é profundamente humano. Ele está presente no desejo que desperta a atração entre um homem e uma mulher, nas carícias mútuas que se fazem uma mulher e um homem, no prazer que um homem e uma mulher se oferecem na união amorosa.
Ensina-nos, Senhor, a sentirmos também aí tua presença encarnada em nós, chamando-nos a erotizar a santidade e santificar o erótico, tornando sagrado o encontro entre um homem e uma mulher que se amam, se respeitam e se dão, um ao outro, prazer, alegria, realização intensa e serena no corpo e na alma, na alegria de quem sabe compartilhar a vida em todas as suas dimensões.
No amor apaixonado, sexo é também expressão do sagrado. O ato sexual se faz tão santo quanto a caridade fraterna. No amor, podemos santificar o sexo, e assim, rezar:
Eu quero te encontrar, Senhor, na beleza dos olhos da minha amada, no aconchego dos seus braços, na ternura das suas carícias, no calor do seu corpo, pronto para me receber como terreno fértil, que me possibilita semear a vida.


Eu quero te experimentar, Senhor, no firme e terno aperto dos abraços da minha amada; sentir-te no encontro dos nossos corpos; experimentar-te na sensação de acolhida que ela me faz e que eu lhe faço, quando nos fazemos hóspedes um do outro, e da tua ternura, e do teu amor que nos engrandece e nos fortalece, pois, em nossos corpos, amorosamente unidos, recebemos o teu coração.
Nós queremos te experimentar, Senhor, nosso Deus, que és amor-paixão, quando o desejo nos envolver e nossos corpos se entrelaçarem fazendo de nós não duas metades que se encontram, mas dois inteiros que se doam, e que generosamente acolhem e transbordam o amor semeado em nossos corações, desde sempre.


Amém.


Eduardo Machado

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Começamos a montar a JIAC 2011 !!

Nesta sexta-feira, dia 3 de novembro, aconteceu uma reunião na casa da Helenice e do Chico.
Estiveram presentes o Grupo dos 5 da JIAC 2010 e o Grupo dos 5 da JIAC 2011.
Pauta da reunião ??
-Escolha dos Coordenadores das Equipes e Coordenadores dos Círculos.

Aguarde !!








 Fique com seu coração aberto ! A partir de hoje, seu telefone poderá tocar, prá que você diga : SIM!!!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Texto do Padre Adroaldo para você usar na reunião do seu grupo.

ADVENTO: “O Senhor vem!... na sua direção...”




“Pessoalmente, penso que chega um momento na vida da gente em que o único dever é lutar ferozmente para introduzir, no tempo de cada dia, o máximo de ‘eternidade’.
Rezo, escrevo, amo, cumpro, suporto, vivo – mas só me interessando pela eternidade”
Guimarães Rosa
Nós cristãos ocidentais, sentimos o tempo como algo vazio, que precisa ser preenchido rapidamente.
Vivemos em um “tempo sem tempo”! Um tempo de ter! Um tempo de preencher! Um tempo de exces-so de informação circulante e de atividades insensatas (sem sentido)! Um tempo sem eternidade.
Advento nos revela a presença da eternidade no coração do tempo. O Eterno irrompe na história, iluminando a dura rotina e a seqüência do cotidiano. E, no nosso interior, o Eterno tem seu templo.
Nesse sentido, é bom considerar que a própria eternidade pode ser sentida como o fluir de um presente sem fim, bom para ser vivido a cada instante.
Quando o Advento aponta para a eternidade, bem que poderíamos olhar para dentro de nós mesmos. Aí, no nosso interior, há tanto de eterno. A eternidade dialoga com a gente, fala por dentro.
Sem a eternidade do coração que pulsa em nós, que nos unifica e plenifica, a vida se empobrece.


Marcados pelo “tempo vazio” a ser preenchido a todo custo, acabamos por perder a consciência da rique-za do “tempo do Advento”. Tempo forte carregado de sentido, que nos humaniza e nos faz caminhar em direção Àquele que vem vindo... em nossa direção. Tempo que nos faz ter acesso àquilo que é mais humano em nós: o sentido da esperança, a travessia, o encontro com o novo... tempo que nos arranca de nossas rotinas e modos fechados de viver.
Por isso, a sabedoria é “sentir o tempo”. Advento deveria ser um tempo para voltar-nos para o interior em meio à agitação, olhar dentro e perguntar-nos: “presto atenção à história que vivo, às suas dores e à sua beleza? Reconheço seus poderes que desumanizam (augustos, herodes, quirinos) e a vida vulnerá-vel de Deus que nela se revela, iluminando-a, apesar de tudo?”


No Advento, somos iniciados a “sentir o tempo” de um modo novo, a fazer-nos amigo dele, a nomear e acompanhar o tempo que nos toca viver, a habitar com intensidade as diferentes etapas de nossa vida. Cada momento esconde sua pérola, e é muito excitante quando chegamos a descobri-la.
É preciso recuperar a força do “hoje” de Deus para conosco, reconhecer o “tempo” de sua Vinda, em tempos de deslocamentos. Vislumbramos “algo” no horizonte e percebemos seus passos enquanto chega; e a história é o rumor desses passos. Caminhamos para Ele quanto mais nos adentramos para o fundo de nós mesmos e da realidade. Advento nos convida a “contaminar-nos” da realidade; e isso nos humaniza.
O maior enraizamento no tempo que nos toca viver significa capacidade de sermos surpreendidos, apesar de tantas luzes e adornos “de época”, pelos lugares, gestos, rostos ou pessoa nos quais se pode vislum-brar a divindade que se humaniza. O Eterno continua vindo, pelos caminhos mais imprevisíveis.


Somos “seres de travessia” e, quando viajamos, temos em mente a meta final da viagem.
O Advento nos convida a não perder de vista nosso horizonte, nossos objetivos, nosso propósito de investir a vida, desinteressadamente, naquilo que vale a pena. O “fim” determina e dá sentido à vida cristã; em outras palavras, a vida cristã é continua projeção rumo ao fim.
Cada momento é o “hoje” de Deus; por isso o “fim” está sempre chegando.
Quantas coisas acontecem envolvidas pela sombra e pelo mistério do “hoje” e não temos sensibilidade para percebê-las. Enquanto o agricultor descansa, rompe e cresce a semente lançada na escura terra, acompanhada de renovadas expectativas e esperança. No “hoje” se eleva o canto, a palavra que anuncia o Advento, que põe a caminho, que responde pedindo acolhimento, atenção, disponibilidade, partilha.
Eis o mistério: o Esperado traz uma novidade que envolve e que se revela em cada traço de humanidade e em cada fragmento de tempo, deste tempo colocado em nossas mãos.
O tempo, o nosso tempo, é habitado por Aquele que vem; até na noite da desolação, na solidão, no deserto, é possível encontrá-Lo.
Contemplando o “hoje” de Deus, o coração se alarga até o assombro, os braços se abrem para a acolhida, os pés se movem para o encontro, os olhos se aquecem para o reconhecimento.


Textos bíblicos: Mt. 24,37-44 Is. 35,1-10


Na oração: “Venho ao teu mundo, à tua vida, à tua história!”
Como ressoa em mim esta expressão?
Deus entra em minha agenda, em meu tempo?

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A poética do Cotidiano

Caro amigo,
Encerramos hoje o ciclo sobre "A poética do Cotidiano",
 com Eduardo Machado.
O poema será:
“O correr da vida embrulha tudo,
A vida é assim: esquenta e esfria,
Aperta e daí afrouxa,
Sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem”.
João Guimarães Rosa
30 de novembro, terça-feira, às 20 horas.

5º DIA DA NOVENA DE NATAL !!

NOVENA DE NATAL 2010
- construindo o Presépio para acolher Jesus –
5° dia

Oração de Acolhida               


Senhor nosso Deus, que nos visitas assim, Menino.
Dá-nos aprender de vós a simplicidade
Que se faz brilho e beleza,
A fragilidade que se faz força e poder,
A serenidade que se faz ternura,
A quietude que se faz paciência


Transforma nosso coração em manjedoura
Que nossos braços e mãos possam ser, como os de Maria
Aconchego e cuidado com todos os meninos e meninas
De todas as idades, do mundo todo
Em especial os que nascem e vivem perto de nós


Que nosso olhar seja como o de José
Sereno e firme
Livre e confiante
Sabendo exatamente o que deve e precisa ser feito
Para o Natal, de verdade, acontecer.


Ilumina nosso caminho com o brilho da vossa estrela
Inspira em nosso coração a generosidade dos magos
A hospitalidade dos pastores
O calor dos animais que, na sua irracionalidade
Foram testemunhas silenciosas do milagre maior


Deus se fez um de nós
A eternidade vestiu-se de Tempo
O Todo Poderoso mergulhou em nossa limitada humanidade
E o Universo se fez Altar.


Diante da humildade do Presépio podemos vislumbrar em nós, com Ele
As centelhas de divindade que refulgem em nossa alma
Desde o Gênesis


Amém!
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Meditação do quinto dia – “José”


“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré. Foi a uma virgem prometida em casamento a um homem chamado José, que era desecentente de Davi...”
Lucas 1,26-27






José


Composição: G. Moustaki / Versão: Nara Leão
Interpretação de Rita Lee - (http://letras.terra.com.br/rita-lee/100812/)





Olha o que foi meu bom José
Se apaixonar pela donzela
Entre todas a mais bela
De toda a sua galileía
Casar com Deborah ou com Sarah
Meu bom José você podia
E nada disso acontecia
Mas você foi amar Maria
Você podia simplesmente
Ser carpinteiro e trabalhar
Sem nunca ter que se exilar
De se esconder com Maria
Meu bom José você podia
Ter muitos filhos com Maria
E teu oficio ensinar
Como teu pai sempre fazia
Porque será meu bom José
Que esse seu pobre filho um dia
Andou com estranhas ideias
Que fizeram chorar Maria
Me lembro as vezes de você
Meu bom José meu pobre amigo
Que desta vida só queria
Ser feliz com sua Maria


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Carta a um pai ausente


Sabe pai,


Está muito difícil fazer a travessia desse momento. Há tantas perguntas no meu coração que nem sei por onde começar. O que sei é que estou crescendo, aprendendo com a vida, e sinto sua ausência, sua distância. É que a vida começa a cobrar certas coisas das quais tenho medo, sinto-me inseguro de enfrentar sozinho.
Eu sei que não estou realmente só. Posso contar com muita gente que gosta mesmo de mim. Mas a solidão a que me refiro é diferente. É uma solidão que só a sua presença pode preencher. Não estou fazendo chantagem emocional, nem apelando para sentimentos que nem sempre tivemos tempo para cultivar. Estou abrindo meu coração para lhe dizer: ESTOU PRECISANDO DO MEU PAI.
Eu ainda guardo na memória a experiência de momentos que meus afetos não esqueceram. A imagem que guardo, mesmo que meio embaçada, é de uma pessoa com quem pude viver momentos e experiências que agora estão fazendo falta.
Outro dia, conversando com mamãe, senti nela muita aflição e angústia. Sei que ela quer me ajudar mas nem sempre sabe o jeito. Há certas coisas que é mais fácil e natural numa conversa de pai pra filho.
Admiro muito a mamãe, a coragem com que ela assumiu o desafio de nos educar, seu jeito exigente, às vezes explosivo, mas que, no fundo, só quer fazer de nós uma família inteira e feliz.
Não posso questionar a separação de vocês e nem tenho este direito. É um realidade que pertence a vocês, apesar de envolver a todos aqui em casa. Vamos ter que superar e reintegrar nossa história, mas, por enquanto, no meio disso tudo continuo eu, meio perdido, querendo encontrar certas respostas que sinto estarem guardadas com você.
Afinal, um ex-marido não precisa ser um ex-pai. Aliás, ex-pai acho que nem existe.
Sei também que a paternidade não é apenas um acaso biológico. Sei que existo por um ato de amor e é em nome deste amor que lhe escrevo esta carta com jeito de desabafo.
O que mais me dói é sentir que estou perdendo a oportunidade de conviver com você que ficou na minha lembrança em forma ternura, de um ser humano bonito e, hoje, é ausência e saudade.
É isto que estou buscando resgatar: o ser humano que se esconde na pessoa do meu pai ausente.
Fico triste ao constatar que não nos vemos há tanto tempo. Não é justo comigo nem com você. Podia ser diferente entre nós. Merecemos mais tempo e amor.
Quer tal ligar de vez em quando, convidar para sairmos, bater um papo, ir ao futebol, falar de coisas sérias, importantes e outras que não tem nada a ver, só pelo prazer de estarmos juntos.
Queria me sentir mais seu filho...
Queria que você se sentisse mais meu pai...
Ainda há tempo.
Que tal se nós...


Eduardo Machado