sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Texto do Padre Adroaldo para você usar na reunião do seu grupo.

ADVENTO: “O Senhor vem!... na sua direção...”




“Pessoalmente, penso que chega um momento na vida da gente em que o único dever é lutar ferozmente para introduzir, no tempo de cada dia, o máximo de ‘eternidade’.
Rezo, escrevo, amo, cumpro, suporto, vivo – mas só me interessando pela eternidade”
Guimarães Rosa
Nós cristãos ocidentais, sentimos o tempo como algo vazio, que precisa ser preenchido rapidamente.
Vivemos em um “tempo sem tempo”! Um tempo de ter! Um tempo de preencher! Um tempo de exces-so de informação circulante e de atividades insensatas (sem sentido)! Um tempo sem eternidade.
Advento nos revela a presença da eternidade no coração do tempo. O Eterno irrompe na história, iluminando a dura rotina e a seqüência do cotidiano. E, no nosso interior, o Eterno tem seu templo.
Nesse sentido, é bom considerar que a própria eternidade pode ser sentida como o fluir de um presente sem fim, bom para ser vivido a cada instante.
Quando o Advento aponta para a eternidade, bem que poderíamos olhar para dentro de nós mesmos. Aí, no nosso interior, há tanto de eterno. A eternidade dialoga com a gente, fala por dentro.
Sem a eternidade do coração que pulsa em nós, que nos unifica e plenifica, a vida se empobrece.


Marcados pelo “tempo vazio” a ser preenchido a todo custo, acabamos por perder a consciência da rique-za do “tempo do Advento”. Tempo forte carregado de sentido, que nos humaniza e nos faz caminhar em direção Àquele que vem vindo... em nossa direção. Tempo que nos faz ter acesso àquilo que é mais humano em nós: o sentido da esperança, a travessia, o encontro com o novo... tempo que nos arranca de nossas rotinas e modos fechados de viver.
Por isso, a sabedoria é “sentir o tempo”. Advento deveria ser um tempo para voltar-nos para o interior em meio à agitação, olhar dentro e perguntar-nos: “presto atenção à história que vivo, às suas dores e à sua beleza? Reconheço seus poderes que desumanizam (augustos, herodes, quirinos) e a vida vulnerá-vel de Deus que nela se revela, iluminando-a, apesar de tudo?”


No Advento, somos iniciados a “sentir o tempo” de um modo novo, a fazer-nos amigo dele, a nomear e acompanhar o tempo que nos toca viver, a habitar com intensidade as diferentes etapas de nossa vida. Cada momento esconde sua pérola, e é muito excitante quando chegamos a descobri-la.
É preciso recuperar a força do “hoje” de Deus para conosco, reconhecer o “tempo” de sua Vinda, em tempos de deslocamentos. Vislumbramos “algo” no horizonte e percebemos seus passos enquanto chega; e a história é o rumor desses passos. Caminhamos para Ele quanto mais nos adentramos para o fundo de nós mesmos e da realidade. Advento nos convida a “contaminar-nos” da realidade; e isso nos humaniza.
O maior enraizamento no tempo que nos toca viver significa capacidade de sermos surpreendidos, apesar de tantas luzes e adornos “de época”, pelos lugares, gestos, rostos ou pessoa nos quais se pode vislum-brar a divindade que se humaniza. O Eterno continua vindo, pelos caminhos mais imprevisíveis.


Somos “seres de travessia” e, quando viajamos, temos em mente a meta final da viagem.
O Advento nos convida a não perder de vista nosso horizonte, nossos objetivos, nosso propósito de investir a vida, desinteressadamente, naquilo que vale a pena. O “fim” determina e dá sentido à vida cristã; em outras palavras, a vida cristã é continua projeção rumo ao fim.
Cada momento é o “hoje” de Deus; por isso o “fim” está sempre chegando.
Quantas coisas acontecem envolvidas pela sombra e pelo mistério do “hoje” e não temos sensibilidade para percebê-las. Enquanto o agricultor descansa, rompe e cresce a semente lançada na escura terra, acompanhada de renovadas expectativas e esperança. No “hoje” se eleva o canto, a palavra que anuncia o Advento, que põe a caminho, que responde pedindo acolhimento, atenção, disponibilidade, partilha.
Eis o mistério: o Esperado traz uma novidade que envolve e que se revela em cada traço de humanidade e em cada fragmento de tempo, deste tempo colocado em nossas mãos.
O tempo, o nosso tempo, é habitado por Aquele que vem; até na noite da desolação, na solidão, no deserto, é possível encontrá-Lo.
Contemplando o “hoje” de Deus, o coração se alarga até o assombro, os braços se abrem para a acolhida, os pés se movem para o encontro, os olhos se aquecem para o reconhecimento.


Textos bíblicos: Mt. 24,37-44 Is. 35,1-10


Na oração: “Venho ao teu mundo, à tua vida, à tua história!”
Como ressoa em mim esta expressão?
Deus entra em minha agenda, em meu tempo?

Um comentário:

  1. Oração de uma Serva de Deus espanhola:"Ó Jesus, beijo a Tua Mão direita, e tenho a intenção de reparar todos os sacrilégios, de modo particular as Missas mal celebradas! Quantas vezes, meu Amor, Tu és obrigado a descer do Céu em mãos e peitos indignos, e embora sintas náusea ao encontrar-Te naquelas mãos, o amor força-Te a permanecer ali; aliás, em alguns dos Teus Ministros, Tu encontras os renovadores da Tua Paixão, que com os seus enormes crimes e sacrilégios renovam o Deicídio! Jesus, tenho medo de pensar nisto! Mas, infelizmente, assim como na Paixão estavas nas mãos dos Judeus, Tu estás agora naquelas mãos indignas como um manso cordeirinho, esperando de novo a Tua Morte e também a sua conversão. Ó Jesus, quanto sofres! Tu quererias uma mão amante para Te libertar daquelas mãos sanguinárias. Ó Jesus, quando Te encontrares em tais mãos, peço-Te que me chames para perto de Ti e,..." _ Ao participar de uma linda missa presidida pelo PE Adroaldo, algo me remeteu a encíclica do Papa São Pio X " Pascendi Dominici Gregis.

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