terça-feira, 28 de dezembro de 2010

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O PODER PARA FAZER O OUTRO CRESCER

HOMILIA DE J.B. LIBANIO – 26.12.2010




PARÓQUIA N.S.DE LOURDES – VESPASIANO (MG)

Mt 2,13-15.19-23

Depois que os visitantes foram embora, um anjo do Senhor apareceu num sonho a José e disse:
- Levante-se, pegue a criança e a sua mãe e fuja para o Egito. Fiquem lá até eu avisar, pois Herodes está procurando a criança para matá-la.
Então José se levantou no meio da noite, pegou a criança e a sua mãe e fugiu para o Egito. E eles ficaram lá até a morte de Herodes. Isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta: "Eu chamei o meu filho, que estava na terra do Egito."
Depois que Herodes morreu, um anjo do Senhor apareceu num sonho a José, no Egito, e disse:
- Levante-se, pegue a criança e a sua mãe e volte para a terra de Israel, pois as pessoas que queriam matar o menino já morreram.
Então José se levantou, pegou a criança e a sua mãe e voltou para a terra de Israel. Mas, quando ficou sabendo que Arquelau, filho do rei Herodes, estava governando a Judéia no lugar do seu pai, teve medo de ir morar lá. Depois de receber num sonho mais instruções, José foi para a região da Galiléia e ficou morando numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que os profetas tinham dito: "O Messias será chamado de Nazareno."




Estamos numa celebração da eucaristia em que as crianças têm um lugar especial. Não celebramos a memória de César Augusto, um imperador romano que apenas fez um decreto que levou José e Maria até Belém. Também não celebramos nenhuma grande dinastia europeia, pois quase todas já desapareceram; nem tampouco nenhum político brasileiro, muitos dos quais já morreram ou caíram no esquecimento. Celebramos a memória de alguém único, que viveu como nenhum outro. Era alguém que poderia andar entre nós de maneira divina, mas não quis. Preferiu ser um andarilho da Palestina. Quis viver sem teto, sem casa, sem família; simplesmente anunciando a boa nova do reino de Deus. Esse Homem entregou a sua vida por todos nós, mas está vivo e está aqui, e isso o torna único. Dele aprendemos a lição de que só somos e só valemos no momento em que servimos aos irmãos, e não quando nos arrogamos de poder.
Hoje celebramos a festa da família e voltaremos três olhares sobre ela. Geralmente, quando falamos em família, pensamos em pai, mãe e filhos, mas hoje vamos pensar diferente. Quando penso em família, me volto para a criança e para o jovem. que serão a família de amanhã. Se não forem bem formados com uma boa educação, a família será um desastre. De nada adianta pensarmos na família já constituída, pois é mais importante pensar no devir, no que está em movimento, em processo. O devir são estas crianças e, por isso, elas são importantes e são queridas – as amadas de Deus. Para elas falamos. Jesus teve uma ousadia tremenda, da qual nem fazemos ideia. Em sua época, elas eram desprezadas, enxotadas como animaizinhos que só davam despesas e nada produziam. Jesus as chama, as abraça, colocando-as diante dos adultos como modelos do reino de Deus. Dificilmente algum de vocês, que hoje detêm o poder, acreditam que estas crianças são modelos do reino de Deus. As crianças não têm ambição, representam entrega, abertura e confiança. Por isso, muitas vezes, as maltratamos porque elas abrem seus braços a qualquer pessoa que lhes acene com um pouco de carinho.
Hoje temos muitos políticos nesta celebração, e quando penso em política, lembro que a palavra vem de polis, em grego, que significa cidade. Portanto, a política e os políticos só existem em função da cidade, que somos nós. Quanto mais excluído, mais cidade. A política não existe em função dos poderosos. Saibam que há uma tradição de mais de três mil anos antes de Cristo – o código de Hamurabi, que nos diz que o rei deve existir para defender os que não têm defensores. Já passados cinco mil anos, ainda não aprendemos. Que ignorância! Ainda não aprendemos que o poder existe para quem não tem poder. Entre nós o poder continua existindo para os poderosos. Que grande cegueira a nossa! Não aprendemos na história porque não invadimos nem entramos dentro desse universo em que o ser humano pode perceber, como Jesus percebeu, que a única coisa que vale é entregar-se ao outro, construí-lo e fazer com que ele cresça enquanto nós diminuimos, como disse João Batista. Amém. (Celebração do 62º. aiversário de emancipação política de Vespasiano)

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