terça-feira, 7 de junho de 2011

Um carinho da Denise para a nossa Comunidade...


Boa dia, amigos!
Seguem os textos da nossa manhã poética.
Celebrada na primeira sexta do mês na Igreja de Santa Efigênia.
Missa campal, nos jardins da igreja,  sempre poética e meditativa,  às 05:30 hs , bem cedinho ao amanhecer e depois tem um café delicioso para todos.
Imperdível. Leiam com calma e desfrutem. 
Boa semana e até a próxima!
Abraços,
Denise Mendes Pacheco.


Junho é um mês cheio de pretextos poéticos. A beleza de Deus na natureza parece falar em nós de maneira mais vibrante. Por isso, o céu é mais azul e ganha o espetáculo dos fogos nas noites festivas de Santo Antônio, São João e São Pedro. No inverno, a comida tem sabor de acolhida e todo abraço vira cobertor. Cada encontro inaugura em nosso ser um novo tempo. Gente que toca o coração, reunindo fé e bondade numa mesma sala, como quem serve a alma de sentimentos iluminados, docemente regados em jardim. O quintal de nossas memórias tem a mística do cuidado. Assume o papel do fogão a lenha, aquecendo a vida, incendiando as prosas, deixando a esperança demorar. É chão de Minas construído de afinidades na canção do amor, na simplicidade da alegria, na liberdade dos sonhos, na partilha do pão, na arte de ser feliz.

Ofertório
Ofertar, oferecer, doar. Alma estendida com a mesma delicadeza da toalha mais bela, deixando à mostra o bordado de tantas histórias que compõem a vida. Vem bandeira de Minas, compor a mesa da comunhão, onde o fruto da ternura se oferece, sempre ao alcance da mão.
Que a paz seja céu derramado, sinal de claridão e encontre entre os povos o abraço de uma canção.
Que o amor, beleza mensageira de todas as manhãs encontre morada em todos os corações.
Que o pão do dia seja a bênção da flor festivamente colhida por quem deu ajuda ao chão.
Samantha Guedes Barbosa – 03/06/2011

Uso a palavra
para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse
um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra
para compor meus silêncios.

Manoel de Barros

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