sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Novena - 7º Dia

Novena de Natal 2011    

                

Acolhida:


Dirigente: Estamos reunidos em nome de Deus que é Pai e Filho e Espírito Santo.

Todos: Bendito seja Deus, Pai que nos reúne pela força do seu Espírito, no amor de Jesus. Amém.



  Leitura do dia: Gênesis

O Homem persiste no egoísmo. Deus na paciência e no perdão.      

        Abraão achegou-se a Deus e disse: Destruirás também o justo junto ao pecador?  Se porventura houver cinquenta justos na cidade, destruirás e não pouparás o lugar, mesmo havendo lá cinquenta justos?

Disse-lhe o Senhor: Se eu achar cinquenta justos dentro da cidade, pouparei tudo e todos por causa deles.

Tornou-lhe Abraão, dizendo: Sei que sou pó e cinza, mas me atrevo a falar ao Senhor. E se, de cinquenta justos, faltarem cinco? Destruirás toda a cidade por causa desses cinco?

O Senhor Deus lhe respondeu: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco justos.

Continuou Abraão ainda a falar-lhe, e disse: Mas... e se acharem ali apenas quarenta?

O Senhor, mais uma vez assentiu: Por causa dos quarenta não o farei.

Disse Abraão: Senhor, não fique irado se mais uma vez eu lhe falar. Se porventura se acharem ali trinta justos?

Não, Abrão, não destruirei a cidade se nela houver trinta justos.

Abraão insistiu: Eis que outra vez me atrevo a falar ao Senhor. E se porventura se acharem ali vinte justos?

Respondeu-lhe o Senhor: Por causa dos vinte não a destruirei.

Disse ainda Abraão: Não se ire o Senhor, pois só mais esta vez falarei. Se porventura se acharem ali dez?

E o Senhor Deus lhe disse: Por causa dos dez não a destruirei.



   Pontos para oração e partilha: 

- Primeiro passo: achegar-se a Deus... 

- Deus dialoga com o Homem. Ouve e responde. 

- A contabilidade de Deus é diferente da nossa. 

- Deus busca razões e até desculpas para nos acolher, perdoar e restaurar.


Para aprofundar:                        

“A mulher adúltera”          


Contemplando João 8,1-12


Nove horas da manhã. Jerusalém começa mais um dia agitado e quente. No espaço amplo, diante do Templo imponente, me vejo diante de uma babel de sons, cheiros e cores. Comerciantes apregoam suas mercadorias, gente entrando e saindo, camelos, pássaros, um rebanho de ovelhas. Um grupo de soldados romanos passa em formação.

Jesus está sentado no último degrau de uma escada. Conversa com seus amigos e discípulos. Muita gente em volta ouve, curiosa. Jesus acaba de contar uma história engraçada e todos riem.

Reparo nos rostos de cada um.

Pedro, com seu ar de "dono do pedaço".  João com seu semblante jovem, quase adolescente, bem perto de Jesus. Judas, distraído, observando o movimento das pessoas que entram no Templo. Simão Zelote acompanhando com um olhar agressivo o pelotão de romanos que faz a ronda. Tomé se estica preguiçosamente num degrau enquanto come um punhado de tâmaras.     

            Olho o rosto de Jesus...

            Percebo detalhes em sua expressão que marcam profundamente: o tom da voz, o olhar profundo, que parece ir até a alma, os gestos largos enquanto fala, o sorriso fácil e acolhedor...

            De repente, todos se erguem assustados. Um tumulto se forma num dos cantos da praça. De uma ruela estreita surge um bando de homens que gritam, agitados e nervosos. No meio da poeira que se ergue é possível perceber que eles arrastam alguém. É uma mulher. O bando aproxima-se de Jesus que se ergue, tenso. Abre-se uma roda quando chegam onde Jesus está e atiram diante dele a mulher. Ela tem a roupa rasgada, os cabelos desgrenhados e sujos de terra. No rosto, medo, lágrimas e marcas de bofetadas. Um filete de sangue corre de seu nariz e ela chora baixinho, de dor e humilhação, além do pânico. Ela sabe o que a aguarda...

             Um silêncio constrangedor paira sobre a multidão. Todos os olhares se voltam para um homenzinho que parece ser o mais velho e se adianta, dirigindo-se a Jesus.

            "Mestre - ele diz, e na sua voz há um tom de desafio e ironia - essa mulher foi presa em flagrante de adultério. Ora, na lei de Moisés está escrito que tais mulheres devem ser apedrejadas. E o Senhor, Mestre, o que nos diz?"

            Um murmúrio perpassa a multidão. Todos sabem o que era o apedrejamento; uma sentença de morte. A pessoa condenada era esmagada a pedradas, numa execução cruel e violenta. Percebem também que a pergunta esconde uma armadilha. Querem, na verdade, contestar a Jesus. Imaginam que qualquer que seja a sua resposta terão como colocá-lo contra a parede. Se concordar com a execução poderão questionar seus discursos sobre perdão e misericórdia. Se reagir contra, estará infringindo a sagrada Lei de Moisés. A vida daquela pobre mulher torna-se apenas um joguete nas mãos de interesses políticos.

            Bem ao meu lado, Mateus comenta com André: "Mas onde está o homem? Ao que me consta é impossível cometer adultério sozinha..."

            Mas, eu e todos estamos agora com o olhar fixo em Jesus aguardando sua reação. Pedro, sempre intempestivo, já segura o punho de uma espada oculta sob o manto.

Surpresa. Sem dizer uma palavra, Jesus, inclinando-se, começa a escrever no chão, com o dedo.  A multidão se espreme e se acotovela , curiosa, para ler o que ele escrevia.

Eu estava mais próximo e pude perceber que Jesus escrevia nomes de pessoas. Primeiro o nome de um homem e, ao lado, o nome de uma mulher. Não entendi, mas o gesto teve um efeito devastador na multidão. O homenzinho arrogante que falara com Jesus percebeu que o primeiro nome da lista era o seu: Zacarias. Ao lado estava o nome de uma mulher.

Zacarias ficou lívido. Era o nome de uma de suas amantes. Os outros da lista ficaram igualmente transtornados.

Aquilo durou alguns instantes. Então Jesus se ergueu e encarou novamente a multidão. Deu alguns passos à frente e ficou entre a mulher, jogada ao chão, e os que estavam logo na primeira fila. Todos recuaram.  Jesus olhou a mulher, a multidão, e no seu olhar havia um misto de piedade e fúria. Então falou. Sua voz parecia uma faca afiada a cortar o silêncio...

            "A Lei diz que ela deve ser apedrejada. Muito bem... mas vamos estabelecer um acordo, um privilégio: a primeira pedra, só a primeira, as outras podem ser jogadas a vontade, será atirada por aquele dentre vocês que estiver sem pecado. Que atire AGORA!!!

            A multidão recuou outro passo. Houve quem tropeçasse e caísse. A voz de Jesus ressoava no silêncio da praça. A mulher se encolheu, como que esperando a primeira pedra...

            Mas nada aconteceu. Ninguém se moveu por alguns segundos. Então, Zacarias, o homenzinho que liderava o bando virou-se e fugiu, largando no chão as pedras que tinha nas mãos. Seu gesto pareceu uma senha, pois logo outros o seguiram. Um a um, todos se afastaram aturdidos, deixando no chão as pedras como sinal de vergonha e covardia.

            Eu me escondi entre o grupo dos discípulos, com o coração aos saltos, entre a euforia e o constrangimento, pois o olhar de Jesus nos envolveu a todos. E era um olhar terrível, assim como o tom de sua voz.

            Mas logo em seguida o que se viu foi surpreendente. O mesmo Jesus que pusera aquela multidão sedenta de sangue para correr, estava agora se inclinando e tomando pelas mãos a pobre mulher, ainda aterrorizada. Ergueu-a suavemente e passou as mãos pelos seus cabelos, limpando-os e ajeitando-os. Com uma ponta do manto secou as lágrimas e limpou o rosto da mulher. Seu olhar era só ternura e sua voz, num tom baixo e carinhoso perguntou: "Minha filha, onde estão os que te condenavam?

- “Não há mais ninguém, Senhor" disse a mulher sem entender bem o que se passara à sua volta.


            Jesus sorriu. Fixou na mulher um olhar de compreensão e amor e disse: "Pois bem, nem eu te condeno, vais em paz e não tornes a pecar..."         

A mulher foi se afastando lentamente, olhando para Jesus, para nós, como que buscando uma explicação para aquele terremoto que acabara de acontecer. Tudo fora rápido demais.

A praça, quase vazia, pedras jogadas ao chão, Jesus e nós...

Ele subiu novamente até o último degrau, sentou-se e disse, como se continuasse o assunto que fora interrompido: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da Vida..."

 Voltei para casa, confuso, sem saber o que mais me impressionara: se a hipocrisia daqueles homens, o medo desamparado da mulher, meu próprio medo, a voz, o olhar de Jesus ou as suas palavras.

 Parecia que naquela praça só estávamos eu e ele e que suas palavras tinham o endereço direto do meu coração...

Eduardo Machado



Para rezar até o próximo encontro

João 8,1-12


Oração final:           

Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome.

Venha a nós o teu reino, e seja feita a tua vontade



Pai, meu pai do céu, eu quase me esqueci,

Eu quase me esqueci

Que o teu amor vela por mim, que o teu amor vela por mim,

E seja feito assim


O alimento desse dia, dai-nos agora e sempre

E perdoa as nossas ofensas, de um modo maior com que perdoamos.


Pai, meu pai do céu, eu quase me esqueci,

Eu quase me esqueci

Que o teu amor vela por mim, que o teu amor vela por mim,

E seja feito assim 

Não nos deixeis cair em tentação,

Mas livrai-nos de todo o mal,

                                                            Amém!

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Eduardo Machado/novembro de 2011

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