segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Novena de Natal- 3o Dia

NOVENA DE NATAL 2010
- construindo o Presépio para acolher Jesus –
3° dia

Oração de Acolhida

Senhor nosso Deus, que nos visitas assim, Menino.
Dá-nos aprender de vós a simplicidade
Que se faz brilho e beleza,
A fragilidade que se faz força e poder,
A serenidade que se faz ternura,
A quietude que se faz paciência

Transforma nosso coração em manjedoura
Que nossos braços e mãos possam ser, como os de Maria
Aconchego e cuidado com todos os meninos e meninas
De todas as idades, do mundo todo
Em especial os que nascem e vivem perto de nós

Que nosso olhar seja como o de José
Sereno e firme
Livre e confiante
Sabendo exatamente o que deve e precisa ser feito
Para o Natal, de verdade, acontecer.

Ilumina nosso caminho com o brilho da vossa estrela
Inspira em nosso coração a generosidade dos magos
A hospitalidade dos pastores
O calor dos animais que, na sua irracionalidade
Foram testemunhas silenciosas do milagre maior

Deus se fez um de nós
A eternidade vestiu-se de Tempo
O Todo Poderoso mergulhou em nossa limitada humanidade
E o Universo se fez Altar.

Diante da humildade do Presépio podemos vislumbrar em nós, com Ele
As centelhas de divindade que refulgem em nossa alma
Desde o Gênesis

Amém!
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Meditação do terceiro dia – “A cidade”

“José subiu de Nazaré, na Galiléia, até Belém, a cidade de Davi, na Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam em Belém, se completaram os dias para o parto e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou, e o colocou numa manjedoura, pois não havia lugar para eles nas casas e hospedarias...”
Lucas 2,4-7
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Avenida Brasil

A paisagem é um caleidoscópio em flash que vislumbro pelo canto dos olhos. Imagens fugazes disputam minha atenção com o desenho da estrada à minha frente.
As mãos ao volante fazem do carro extensão natural do meu corpo, da minha mente. Em movimentos suaves, automáticos, devoro retas, embalo-me em curvas que me aconchegam ao banco, integrando-me nesse conjunto mecânico que flui pela estrada ao ritmo da música que toca no CD.
A melodia aguça ainda mais os meus sentidos.
Saboreio o gosto salgado do vento que acaricia meu rosto, desalinha meus cabelos, trazendo um perfume de terra molhada, a natureza lavada por essa inesperada chuva em pleno julho. À minha volta, o verde renascido em mil tons me fala de quintal e infância, de sabores de massas e maçãs...
Sigo, sereno, sensível.
“Ando devagar, porque já tive pressa...”
A tudo meus olhos contemplam, extensão natural da estrada.
“Estrada eu vou, estrada eu sou...”
De repente, numa curva, o choque visual da silhueta de uma árvore seca à beira da rodovia. Os galhos hirtos, ressequidos, braços descarnados, nus, estendidos, inadequados, clamando ao céu um resto de vida, ou de chuva, que seja.
Num arrepio, num átimo, ela some no retrovisor devorada pela curva que faço em tangente, pressionando o acelerador. Tudo rápido e natural.
Mas, no canto dos olhos, persiste um incômodo, uma inquietação...
Aos poucos, a paisagem vai mudando, à medida que me aproximo da cidade. O caleidoscópio agora é colorido, aqui e ali, pelo tom amarelado e terroso dos tijolos aparentes dos barracos da periferia que vão se encadeando, subindo e descendo morros, emoldurando a estrada.
Ruas sem calçamento serpenteiam entre as casas num desenho ilógico.
A noite chega comigo à cidade. Sou definitivamente tragado pela metrópole que engole a rodovia e a rebatiza: via expressa, avenida, rua...
Hora do rush. O transe do trânsito intransitável onde não mais dirijo. Sou mais um
transeunte, levado pela maré mecânica, barulhenta que cheira a diesel e inútil pressa.
O sinal vermelho à minha frente.
Ao lado, o choque visual de um menino e sua mãe, silhueta secas, no passeio
central. Os braços hirtos, ressequidos, descarnados, nus, estendidos, inadequados,
clamam por um resto de vida, uma esmola que seja.
O carro arranca aos soluços. Num arrepio, num átimo, as silhuetas cinzentas somem
no retrovisor, devoradas pelas ondas de máquinas resfolegantes que buscam o repouso
possível nos confins da noite.
Tudo lento, comum, de uma banalidade natural, nada normal.
Num canto do meu coração, persiste um incômodo, uma inquietação.
Da árvore, da mulher e do menino, Francisco me lembra, eu sou irmão...


Eduardo Machado
03/08/2009
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“Cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz...”
Renato Teixeira

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