O Natal é Deus renascendo em nós!
Mais um ano está terminando. Novamente, graças ao bom Deus, estamos
reunidos para celebrar o nascimento do Menino Jesus. Continuamos juntos, em
meio aos males do nosso tempo, da pressa que nos atropela, do consumismo e do
individualismo exagerados ou do descaso com a obra da criação. Ao longo do ano,
é possível que muitos tenham visto o por do sol mais vezes na TV e na Internet
do que admirado o espetáculo natural ao vivo - um milagre repaginado a cada
dia, mas pouco concorrido, se considerarmos que, além de gratuito, destina-se a
uma plateia de cerca de sete bilhões de pessoas no mundo todo. Dessas, poucas
são capazes de se encantar. Grande parte é constituída por pessoas apressadas,
estressadas, lutando para ganhar e desatinadas para gastar ou aprisionadas nas
malhas de seus próprios problemas e interesses. Num certo sentido, pessoas
desperdiçando o dom, porque, embora vivas, deixam escapar o melhor da vida...
O Natal nos convida a
pensar, porque é tempo de reflexão, de pausa providencial, de balanço para que
possamos avaliar o que estamos fazendo ou deixando que façam de nossas vidas...
Se tivermos andado por trilhas estranhas, é tempo propício para retomarmos o
único caminho que nos conduz à vida em abundância, o caminho estreito de Jesus
Cristo.
Para
nós, que cremos no Filho de Deus, a hora convida ao exame de consciência. Se
verificarmos que nos afastamos do amor de Jesus, devemos reconhecer nosso
pecado, porque o pecado consiste nisso, afastar-se de Deus. Para um cristão,
isso é muito grave. Reconhecidas as nossas faltas, arrependidos, cabe o pedido
de perdão, o retorno para o abraço do Pai e a retomada do caminho, com o
propósito firme de acertar mais e de errar menos. Assim, livres do entulho
espiritual pesado que tornava a
caminhada arrastada, revigorados pelo perdão de Deus, com o coração em festa,
poderemos amar intensamente, buscando ser melhores do que fomos até agora, para
a alegria dos que nos cercam. Não há dinheiro no mundo que possa adquirir essa
condição. Somente uma atitude de fé amadurecida é capaz de alcançar esse estado
de espírito.
Quando fazemos isso, estamos criando condições
para que o Natal aconteça novamente, dois mil anos depois do fato histórico.
Para que o milagre ocorra e permaneça, temos que permitir
a Jesus renascer no nosso coração e tomar posse de todo o nosso ser, como único
Senhor da nossa vida. Temos que nos tornar instrumentos em suas mãos, consentir
que faça uso do nosso corpo, gestos, passos, voz, sentimentos, pensamentos, da
nossa vontade, do nosso espírito e que interceda fraternalmente em cada relação
que travamos com o próximo. Saberemos
que isso ocorreu quando formos capazes de compreender o que São Paulo queria
dizer ao afirmar: “Eu vivo, mas já não sou eu
quem vive, é Cristo que vive em mim”. Nesse momento, acontece o Reino de Deus ao
nosso redor. Reacontece o Natal na nossa vida!
Para nós, que temos a
graça de caminhar juntos, reunirmo-nos para celebrar o Natal tem um significado
profundo. O encontro nos coloca frente a frente, para nos encorajarmos
mutuamente como construtores do Reino. O desafio de bem cumprir a missão
torna-se um jugo suave e leve quando alegrias e problemas são compartilhados e
quando a oração é feita comunitariamente, para pedir, agradecer, louvar e
adorar a Deus.
Que o Natal deste ano
seja um marco de tomada de consciência, de crescimento e de conversão sincera.
Ao celebrar o Deus vivo, saibamos louvá-lo e agradecer-lhe por todas as bênçãos
que derrama sobre nós, a começar pelo dom da vida. Graças que se sucedem na
medida em que nunca nos falta o pão nosso de cada dia, nem a alegria própria
dos que conhecem o amor verdadeiro, a fé e a esperança cristãs. Dos que reconhecem
em Deus um Pai amoroso e bom.
Da manjedoura, o Menino
Jesus nos lembra da alegria a que estamos renunciando ao trocarmos a
simplicidade divina pela sofisticação do mundo. Por isso, tornarmo-nos o
presente a ser dado a quem muito amamos é responder com sabedoria ao que o
Menino nos ensina. Cada um de nós é chamado a ser um presente vivo, renascido
na fé, renovado no perdão, encharcado de esperança, comprometido e disposto a
amar até doer, como nos ensinou Jesus. Um presente humano, entusiasmado, exclusivo
e muito desejado pelos que também nos amam. Celebremos o Natal cuidando de nos
afeiçoarmos às coisas simples e de apreciarmos os acontecimentos cotidianos da
vida, como o prazer de nos reunirmos em família, a alegria de uma prece
comunitária ou o encantamento com o sol surgindo no horizonte, outro presente
de Deus para nós, que se renova a cada dia e nos recorda a necessidade de
também nos renovarmos todos os dias, ano após ano, a vida toda, para
aquecermos, iluminarmos, brilharmos sempre!
Luiz de Freitas - Natal/2012
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